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Como os antioxidantes aceleram o câncro
2014-07-27

Mito dos antioxidantes

Há décadas, pessoas de todo o mundo conscientes da importância da própria saúde têm tomado suplementos de antioxidantes e preferido alimentos ricos em antioxidantes, acreditando ser este um dos caminhos para uma boa saúde e uma vida longa.

No entanto, ensaios clínicos de suplementos antioxidantes têm repetidamente frustrado as esperanças dos consumidores que os ingerem na esperança de reduzir o risco de cancro. Praticamente nenhum desses ensaios conseguiu demonstrar qualquer efeito protetor dos antioxidantes contra o cancro.

De fato, em vários estudos, a suplementação com antioxidantes tem sido associada com aumento das taxas de certos tipos de cancro. Num ensaio, fumadores que tomavam beta-caroteno apresentaram taxas de incidência de cancro de pulmão maiores, e não menores.

Um novo argumento contra esse "mito dos antioxidantes" vem agora num artigo no The New England Journal of Medicine, escrito pelos doutores David Tuveson (Cold Spring Harbor Laboratory) e Navdeep Chandel (Universidade de Northwestern).

No artigo, a dupla explica por que os suplementos antioxidantes não estão reduzindo o desenvolvimento de cancro, e por que os antioxidantes podem realmente fazer mais mal do que bem.

Oxidantes e antioxidantes nas células

As explicações dadas pelos pesquisadores são baseadas em avanços recentes na compreensão do sistema nas nossas células que estabelece um equilíbrio natural entre os compostos oxidantes e antioxidantes. Estes compostos estão envolvidos nas chamadas reações redox (redução e oxidação), essenciais para a química celular.

Oxidantes como o peróxido de hidrogénio são essenciais em pequenas quantidades e são fabricados dentro das células. Não há controvérsia quanto a que os oxidantes são tóxicos em grandes quantidades, e as células geram naturalmente os seus próprios antioxidantes para neutralizá-los.

Assim, pareceu lógico para muitos cientistas defenderem o aumento na ingestão de antioxidantes para combater os efeitos do peróxido de hidrogénio e outras igualmente tóxicas "espécies reativas de oxigénio" - radicais livres, ou ROS, como são chamadas pelos cientistas. Ainda mais que se sabe que as células cancerosas produzem níveis elevados de radicais livres para ajudar a alimentar seu crescimento anormal.

Contudo, os doutores Tuveson e Chandel defendem que tomar suplementos de antioxidantes ou comer grandes quantidades de alimentos ricos em antioxidantes pode não resultar em efeitos benéficos contra o cancro porque eles não agem no ponto crítico das células onde são produzidos os ROS (espécies reativas de oxigénio) que estimulam os tumores - nas centrais eléctricas das células, chamadas mitocôndrias.

Em vez disso, suplementos e antioxidantes ingeridos pela dieta tendem a acumular-se em locais distantes dispersos na célula, "deixando as ROS estimuladoras dos tumores relativamente tranquilas", dizem os investigadores.

Os volumes naturais, tanto de ROS quanto de antioxidantes, são mais elevados nas células cancerosas - os níveis paradoxalmente mais altos de antioxidantes são uma defesa natural das células cancerosas para manter seus níveis mais altos de oxidantes em cheque, de forma que seu crescimento possa continuar.

De fato, dizem Tuveson e Chandel, as terapias que aumentam os níveis de oxidantes nas células podem ser benéficas, ao passo que aquelas que atuam como antioxidantes podem estimular as células cancerosas.

Radicais livres como medicamentos

Curiosamente, a radioterapia mata as células cancerígenas aumentando drasticamente os níveis de oxidantes. O mesmo é verdadeiro para as drogas quimioterapêuticas, que matam as células tumorais por meio da oxidação - noutras palavras, são os radicais livres que são usados como medicamento nessas terapias.

Assim, paradoxalmente, os investigadores sugerem que a "inibição genética ou farmacológica das proteínas antioxidantes" - um conceito testado com sucesso em modelos de pulmão e pâncreas em cobaias - pode ser uma abordagem terapêutica útil em seres humanos.

O principal desafio, afirmam, é identificar proteínas antioxidantes e rotas celulares que sejam usadas apenas por células cancerosas, mas não por células saudáveis. Impedir a produção de antioxidantes em células saudáveis irá perturbar o delicado equilíbrio redox do qual depende a função celular normal.

Os autores propõem novas pesquisas para identificar as rotas antioxidantes nas células tumorais e nas células normais adjacentes, para identificar possíveis alvos terapêuticos.

Fonte: Diário da Saúde

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