A lei que a partir do passado dia 22 (Lei 33/2008) obriga as grandes superfícies a etiquetarem os produtos em braille a pedido dos deficientes visuais é um avanço legislativo muito importante.
Uma dirigente da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), Ana Morais, simulou algumas compras num hipermercado, e concluiu que na prática é ainda necessário proceder a melhoramentos no sistema que está a ser utilizado.
O director da ACAPO, Rodrigo Santos, explicou que a lei obriga a que haja nas grandes superfícies um acompanhamento das pessoas com deficiência visual e a etiquetagem em Braille dos produtos, nomeadamente traduzindo o nome do produto, características e validade.
"A entrada em vigor desta lei é um avanço legislativo muito importante. Portugal está a ser pioneiro. Nunca houve legislação que obrigasse a que a rotulagem dos produtos em Braille fosse tão longe ao ponto de incluir a data de validade", realçou o dirigente.
Apesar da satisfação, Rodrigo Santos considera importante que se avance no sentido de serem os próprios fabricantes a rotularem logo à partida o produto em Braille.
O dirigente lembra que a aplicação da lei vai ser acompanhada, devendo ser revista dentro de dois anos. "É a solução que melhor se adequa às capacidades económicas e às necessidades dos deficientes visuais" no momento, referiu ainda sobre a lei.
A dirigente da ACAPO Ana Morais, por seu lado, realçou a importância da lei, considerando ser, no entanto, cedo para fazer avaliações da forma como está a ser posta em prática.
Já existe uma cadeia de hipermercados em Portugal que disponibiliza às pessoas com dificuldades visuais um aparelho onde, seleccionando letra a letra, é traduzido para Braille a informação que se pretende.
O manuseamento da máquina pode ser feito pela própria pessoa ou por um funcionário que a acompanhe.
Esta cadeia disponibiliza ainda em braille, "embora não seja obrigatório por lei", o valor total da compra na factura emitida no final.
No final da simulação de algumas compras, Ana Morais lamenta a lentidão no processo de etiquetagem.
De acordo com o dirigente da ACAPO, além destes mecanismos "financeiramente mais acessíveis para os espaços comerciais" há outro que merece melhor acolhimento.
Esse sistema "imprime o Braille através de uma impressora Braille que pode ser ligada ao sistema informático da loja, permitindo uma impressão e colocação de etiquetas bastante rápida", explicou.
Ainda para este dirigente, a existência de etiquetas em Braille é um avanço que vai evitar confusões, porque, por exemplo, "um pacote de leite é, na forma, igual a um pacote de vinho".
Fonte: Agência Lusa