Pedro Fevereiro, especialista em biotecnologia, classificou as «provas científicas irrefutáveis» sobre o impacto negativo do milho transgénico MON 863 hoje divulgadas como uma «mentira requentada» destinada a assustar a opinião pública.
A multinacional Monsanto, que produz esta variedade de organismo geneticamente modificado (OGM), refutou também as conclusões do estudo, frisando que o MON 863 foi considerado seguro para a saúde humana e para o ambiente pelas autoridades europeias e submetido a vários testes de toxicidade.
A Plataforma Transgénicos Fora do Prato alertou hoje para «provas científicas irrefutáveis» sobre o impacto negativo milho transgénico MON 863 baseando-se num estudo de especialistas franceses que será publicado na revista científica Archives of Environmental Contamination and Toxicology.
Gualter Baptista, da Plataforma Transgénicos Fora do Prato, afirmou que «o estudo prova que há alterações de crescimento e grave prejuízo para a função hepática e renal (fígado e rim) dos animais de laboratório que consumiram tal milho».
No entanto, para Pedro Fevereiro, Director do Laboratório de Biotecnologia de Células Vegetais e Presidente do Centro de Informação de Biotecnologia, a notícia «não passa de uma farsa».
O especialista considerou que o autor, Gilles Eric-Séralini, pertence a um laboratório «obscuro», manifestando dúvidas em «estabelecer a credibilidade» dos artigos que assina.
O responsável do CIB, que é também membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, acrescenta que não foram produzidos quaisquer dados novos sobre este assunto e que não foram encontradas quaisquer evidências de que esta variedade tenha tido qualquer efeito tóxico.
«A questão reporta-se a um processo de avaliação elaborado pela Monsanto em 2002, tendo Gilles-Eric Séralini, activista francês anti-transgénicos, mantido uma controvérsia relativamente aos métodos de análise estatística utilizados para avaliar os resultados dos ensaios (que não repudia) efectuados com alimentação em ratos durante 90 dias».
«Esta não-notícia é apenas mais uma mentira requentada para assustar a opinião pública relativamente ao uso da agro-biotecnologia», criticou o investigador.
Fonte da Monsanto Espanha confirmou que a questão é relativa a uma notícia antiga sobre a qual a empresa já tinha expresso a sua opinião.
Na altura, a Monsanto afirmou ter fornecido todas as informações exigidas pela Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) antes de receber um parecer científico favorável para o MON 863 Yeldgard.
A mesma fonte acrescentou que esta variedade de OGM está a ser comercializada nos Estados Unidos e Canadá desde 2003 e que já foi aprovada para importação e uso alimentar noutros países como Japão, Coreia, Filipinas, Austrália, China, Rússia e União Europeia.
A Monsanto encomendou um estudo independente sobre os problemas relacionados com anomalias verificadas em ratos alimentados com milho transgénico.
«Todos os especialistas concluíram que a diminuição verificada no peso dos rins dos ratos não é significativa do ponto de vista biológico e que os peso está dentro dos parâmetros normais de rins dos ratos», afirmou a fonte da Monsanto.
De acordo com o mesmo responsável, dois especialistas em patologia animal, um dos quais perito em patologias de rins de ratos, concluíram não haver evidências de que o MON 863 induziria alterações nestes órgãos e que descobertas semelhantes aconteceram em ratos alimentados com milho convencional.
Fonte: Diário Digital