O Actimel - probiótico de origem láctea, contendo a bactéria Lactobacillus casei, com acção na estimulação das defesas do organismo pela qual é publicitado - está a ser alvo de uma campanha de alerta no ciberespaço, justamente na altura em que a Danone está a apostar ferozmente numa campanha publicitária.
Diz o mail que circula pelas caixas de correio elctrónico de línguas espanhola e portuguesas, que o consumo prolongado é nocivo para o organismo, por induzir este a deixar de produzir naturalmente a L.casei. Adiantando que o Governo da Argentina obrigou a Sereníssima (responsável pelo Actimel naquele país) a indicar esse risco na embalagem do produto.
Tudo falso, garante a Danone, que se socorre inclusive de um comunicado da associação de consumidores - Deco. O L.casei, adianta a Deco, não é gerada pelo organismo humano, apenas vive nele.
A Danone adianta que tem conhecimento, de facto, de um procedimento oficial das autoridades sanitárias da Argentina apelando à indicação no rótulo dos produtos, sempre que estes apresentem "inconvenientes quando consumidos sistematicamente". "Contudo, este procedimento não se aplica ao Actimel", diz Paula Fonseca, da Danone Portugal.
A empresa aponta ainda 16 estudos clínicos, publicados em revistas científicas, indicando que o consumo de L-casei e outos probióticos "melhora parâmetros das defesas naturais do organismo", nomeadamente no intestino, cujo sistema imunitário "determina quase 70% das acções de defesa do corpo humano".
Por cá, o Actimel é regido pelas regras aplicadas a iogurtes e leites fermentados. Ouvido pelo JN, Hermano Gouveia, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Gastroenterologia (SPG), afirma que cientificamente nada prova o benefício deste tipo de alimentos. "Há estudos isolados, mas não randomizados, seguindo todas as regras do estudo científico". O mundo dos microorganismos continua um grande mistério, diz o médico, segundo o qual ainda está por descobrir "o equilíbrio perfeito" das quantidades de que bactérias são necessárias para uma defesa óptima do organismo.
O tema será abordado no próximo congresso da SPG, em Junho, em Vilamoura.
Fonte: Portal HACCP,Jornal Notícias