Uma equipa internacional de investigadores, conseguiu, não só imunizar ratinhos contra o vírus H5N1, da gripe aviária, utilizando anticorpos humanos retirados de sobreviventes infectados, como também aumentou a taxa de sobrevivência dos animais infectados.
Esta descoberta abre caminho ao desenvolvimento de terapêuticas para as vítimas da doença, segundo o coordenador do estudo e director do laboratório antiviral do Instituto de Investigação de Biomedicina.
A gripe aviária, H5N1, desde o seu reaparecimento no fim da década de 90, matou 185 pessoas dos 306 casos identificados, a maior parte desde 2003, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.
A maior preocupação dos especialistas é a possibilidade de o vírus sofrer uma mutação facilmente transmissível ao homem.
Os anticorpos agora descobertos foram produzidos, em grande quantidade, a partir de amostras de sangue de quatro adultos vietnamitas, que sobreviveram infectados com o vírus H5N1.
Os ratinhos expostos ao vírus H5N1, sem anticorpos, morreram em poucos dias, e dos 60 animais infectados com o vírus que circulou em 2004, e que foram submetidos a doses diferentes de anticorpos dos doentes vietnamitas, 58 sobreviveram.
Tal facto, leva estes investigadores a acreditarem que, se o êxito inicial desta pesquisa for confirmado em laboratório e através de ensaios clínicos, os anticorpos monoclonais humanos podem revelar-se um tratamento terapêutico e profiláctico importante no caso de uma pandemia.
O desenvolvimento de uma vacina contra uma eventual epidemia de gripe das aves tem focado as atenções dos especialistas, que vão estar reunidos em Paris, numa conferência dedicada ao tema.
A vacina poderá dar uma imunidade a longo prazo, talvez permanente, mas demora algumas semanas ou meses a actuar, tornando-se inútil quando uma pessoa está infectada.
De qualquer forma, os anticorpos agem imediatamente e são de fácil reprodução à escala industrial, mas a protecção pode ser apenas por alguns meses.
As autoridades sanitárias americanas e europeias já permitiram o desenvolvimento de um medicamento à base destes anticorpos, apesar de serem necessários três a quatro anos até que o remédio entre em circulação.
O tratamento com anticorpos pode ser útil na imunização de médicos e enfermeiros mais expostos à doença no caso de epidemias.
Fonte: Público