Chega o Outono e com ele a temporada mais esperadas dos caçadores, ansiosos por arrebatar os apreciados troféus: uma ou várias peças para mostrar e consumir entre familiares e amigos, mas também, para oferecer a comerciantes e restaurantes cujas cartas incluem, durante estes meses, pratos elaborados com aves e mamíferos abatidos em caçadas.
No entanto, a carne de caça, um alimento natural e em principio saudável, já que carece de resíduos farmacêuticos, não está isenta de riscos alimentares, devido à sua própria flora animal (contaminantes biológicos, como parasitas e microrganismos), ou à presença de substâncias tóxicas do meio ambiente.
Com a perspectiva de estudar e vigiar os possíveis riscos associados ao consumo de carne de caça, dois grupos de investigadores espanhóis desenvolveram um interessante estudo, sobre o risco alimentar associado às espécies cinegéticas em relação aos metais pesados.
Este completo estudo realizado durante as temporadas compreendidas entre os anos de 2003-2006 em várias zonas da província de Córdoba, analisou a presença de metais a uma grande quantidade de amostras, quer para espécies de maior porte como de menor (cerca de 3000 amostras de 400 animais).
Essas amostras incluíram orgãos como coração, pulmões e músculo, fígado e rins.
As espécies seleccionadas foram o javali, veado, coelho e perdiz, não só pela sua importância económica como pela frequência de consumo.
Os metais estudados foram, para além do chumbo e do cádmio, metais pesados destacados pela sua toxicidade, o cobre, ferro e zinco, elementos essenciais na nossa dieta nas quantidades adequadas.
Todos estes metais podem estar presentes no meio ambiente, devido às actividades agrícolas ou mineiras, ou de forma natural, podendo contaminar estes animais através da sua incorporação na cadeia alimentar.
Os resultados deste estudo revelaram que a acumulação de metais pesados varia em função da espécie e do orgão ou tecido investigado, não tendo a idade ou o sexo dos animais influência na acumulação destes contaminantes.
Por orgãos, o músculo das espécies estudadas é onde se encontra a maior acumulação de chumbo, destacando-se a perdiz e o javali.
O coelho foi a espécie que registou menor concentração de metais pesados.
Se todas as carnes de caça fossem considerados carne de consumo (como bovinos, porcinos, caprinos, suínos e aves de capoeira), os valores médios de chumbo no músculo de todas as espécies analisadas excederia os limites máximos estabelecidos pela regulamentação.
Realizadas as estatísticas, os resultados sugerem que o risco toxicológico dos metais pesados analisados é baixo, tendo em conta o consumo médio de carne de caça.
Analisando a situação mais desfavorável, elevado consumo e a alta concentração de metais pesados, os consumidores habituais de carne de caça (caçadores e seus familiares) poderiam representar um potencial grupo de risco toxicológico, principalmente por ingestão de chumbo.
Fonte: Consumaseguridad