Dos 129 lagares da região, a percentagem dos que ainda não têm HACCP implementado - como obriga a lei desde 2006 - pode rondar os 30 por cento, alerta o presidente da Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro (AOTAD).
O problema maior, segundo o dirigente desta Associação, é que em alguns casos, mesmo estando implementado o HACCP, os lagares podem permanecer sem garantias.
Existe uma questão de mentalidade de laboração diária, em que proprietário e seus funcionários têm de estar convencidos de que têm de trabalhar daquele maneira e isso é muito difícil.
Foi com o intuito de mudar este cenário, que a AOTAD organizou no passado dia 27 de Novembro, no Auditório da Cooperativa dos Olivicultores de Valpaços, uma Sessão de Informação e Sensibilização a Lagares de Azeite.
Uma tarde que contou com a presença de uma técnica da ASAE (Agência para a Segurança Alimentar e Económica) que explicou o que deve ser feito em matéria de segurança alimentar e respondeu às dúvidas dos mais de cem lagareiros presentes, o que demonstra a preocupação do sector.
Um lagareiro de Santulhão, concelho de Vimioso, foi um dos muitos presentes na sessão, e apesar de sair mais informado, considerou que a legislação é demasiado exigente para pequenas empresas, como é o caso do seu lagar que trabalha 10 a 15 dias por ano, no máximo.
Este lagareiro chama ainda a atenção para a baixa escolaridade dos empresários da área o que torna a implementação ainda mais complicada.
A representante da ASAE não partilha das dificuldades de implementação das regras de segurança alimentar que constam no HACCP, e reforça a ideia de que tem que haver a percepção de que os sistemas de HACCP têm de ser implementados em cada lagar conforme a especificidade do mesmo.
A engenheira da agência estatal reconhece que é difícil mudar as mentalidades dos lagareiros, no entanto afirma que não há desculpas para não cumprir as regras, que já estão em vigor desde Janeiro de 2006 e previstas desde 1998.
Os lagares da região podem contar nesta safra com inspecções, alertou a representante da ASAE reconhecendo a melhoria nas condições dos lagares.
É com a intenção de melhorar o cenário de falta de segurança alimentar nos lagares que a AOTAD tem ao dispor dos lagareiros da região a implementação de HACCP, e são já 66 os lagares que recorreram à associação para o fazer.
Fonte:Jornal Reginal