Desde há algum tempo que a indústria cervejeira aproveita as propriedades dos extractos e compostos derivados do lúpulo (Humulus lupulus) não só para elaborar cerveja mas também para controlar o desenvolvimento de microrganismos.
Agora, estas propriedades poderão beneficiar o sector avícola, que luta para manter os produtos livres de patogénicos como Clostridium perfringens, uma bactéria de ampla distribuição na natureza e comum nos alimentos crus.
Aroma e sabor amargo são as principais propriedades da cerveja que se obtêm do lúpulo, que é também utilizado pelas sua "protecção natural” contra bactéria patogénicas.
O efeito destes extractos com actividades biológicas (antimicrobianas, devido sobretudo ao ácido denominado lupulina, grãos amarelos que se encontram na flor), não é novo. Na indústria cervejeira estes ácidos são capazes de inibir o crescimento dos microrganismos responsáveis pela alteração da cerveja como é o caso do Lactobacillus.
Uma recente investigação publicada no "Journal of Antimicrobial Chemotherapy" afirma que estes extractos podem actuar, nas aves de aviário, como potentes agentes antibacterianos contra Clostridium perfringens, que habita no intestino das aves de forma natural, na maioria dos casos sem causar doença.
No entanto, em algumas situações produzem toxinas que estão na origem da enterite necrótica, uma doença das aves de engorda, como frangos, pavões e aves silvestres, que pode chegar aos humanos através do consumo de alimentos contaminados podendo provocar diarreia, dores abdominais e vómitos.
O uso deste ácido do lúpulo converte-se numa arma natural eficaz contra a presença de Clostridium perfringens em carne avícola.
A produção avícola utiliza antibióticos para prevenir o aparecimento e a propagação de doenças. Em alguns casos, inclusive, estas substâncias são adicionadas às rações para potenciar o seu crescimento, uma prática que a União Europeia proibiu em Janeiro de 2006.
Um dos problemas que explica este uso, abuso em determinadas circunstâncias, é o aparecimento de espécies de bactérias resistentes aos antibióticos, o que explica que se estejam a procurar alternativas menos agressivas e igualmente eficazes.
Um trabalho neste sentido acabou de ser apresentado por investigadores do Serviço de Investigação Agrícola dos EUA (ARS), e fundamenta-se justamente numa planta com reconhecidas propriedades antimicrobianas, o lúpulo.
Segundo a investigação, alimentar estas aves com diferentes concentrações de lupulina em água, permitiu, depois de 22 dias, o tempo necessário para o desenvolvimento da doença nos animais, reduzir a presença de Clostridium perfringens de 30 para 50%. Esta redução traduz-se numa menor contaminação da carne e em menores perdas na produção.
Fonte: Consumaseguridad