Consumida e apreciada em distintas culturas, a lentilha simboliza riqueza e por isso é um alimento que não pode faltar na ceia da passagem de ano.
O papel reservado para a lentilha, na ceia de Ano Novo, não é o de apenas garantir sorte financeira no ano que está para vir, mas também de agradar ao paladar de quem tem planos de saboreá-la naquele jantar que marca o último dia do ano, e a primeira refeição de um ano que chega carregado de esperança.
Por isso, para estar à mesa, deve ser bem preparado. É o alimento que não pode faltar na ceia da passagem de ano.
Cozida num ponto especialíssimo que não pode ser líquido, como uma sopa, nem seco demais, a lentilha tem de ser temperada com uma folha de louro, que traz bons augúrios e é comida para o bem-estar e nunca deixa que fiquemos pobres.
Acredita-se que a associação de lentilha e dinheiro tenha sido feita por causa de seu formato redondo e achatado, semelhante ao de uma moeda.
Especialistas calculam que há mais de 8.000 anos a lentilha esteja na mesa dos seres humanos.
Provavelmente é um dos primeiros vegetais que o homem domesticou, e começou a ser cultivada no final do período Neolítico.
Rica em proteínas, ferro e vitamina B2, representava, desde os primórdios, um componente básico na dieta dos povos do Oriente Médio, onde teria surgido. A reduzida taxa de gordura – de apenas 0,6% – faz com que os nutricionistas se empenhem em valorizá-la e introduzi-la nas dietas modernas.
Pouco vegetais mereceram tantas citações nas páginas da Bíblia...
A lentilha aparece no Antigo Testamento com o nome de adaschum ou adaschis, adoptado pelos caldeus, povo semita que habitava a região agrícola entre os rios Tigre e Eufrates.
Aparece com grande destaque no Génesis relativamente ao encontro do caçador Esaú com o irmão Jacob, que preparava uma receita de lentilhas vermelhas. Vencido pela fome e louco para provar aquela sopa cozida lentamente com as melhores especiarias, implorou que o irmão lhe deixasse comer um pouco da comida.
O cozinheiro Jacob propôs em troca que Esaú lhe desse o direito de primogénito. E assim foi feito. Ainda que tenha abdicado de um bem tão caro por uma refeição tão frugal, Esaú conseguiu amealhar grande fortuna, o que confirma a crença na sorte monetária trazida pela lentilha.
Também eram apreciadas pelos egípcios, que cerca de 2.200 anos antes da era actual costumavam colocá-la na bagagem dos mortos para alimentar as divindades, conforme indicam vestígios encontrados nas tumbas, eram o passaporte para a vida eterna.
Ainda que se tenha tornado alimento da população pobre, no século XVIII, a lentilha foi reabilitada entre a nobreza, ganhou fama e reconhecimento na França, graças à mulher de Luís XV, o Bem-Amado, a polaca Marie Lecszinka, que amava as lentilhas, tal era sua paixão que legou seu nome a uma delas, "la petite à la reine".
Prato nacional de Marrocos, a sopa de lentilhas ou harira, é apreciada durante os trinta dias do Ramadão, acompanhada de bolos de mel.
Imprescindível para quem, a vontade de enriquecer seja o anseio para o ano de 2009!
Fonte: Portugal Digital