Haemophilus parasuis é o agente etiológico da doença Glasser em suínos, caracterizada por poliserosite fibrinosa e meningite.
Haemophilus parasuis encontra-se frequentemente no tracto respiratório superior de suínos, no entanto nem todas as estirpes causam doença.
Foi realizado recentemente um estudo, que recorreu às técnicas de comparação genética, o que permitiu distinguir quais as possíveis estirpes patogénicas desta bactéria.
Numa primeira fase sequenciou-se 98% do genoma (2,35 Mbp) de uma estirpe altamente patogénica, e decifrou-se o seu código genético.
Foram identificados 13 genes que codificam autotransportadores triméricos (AT-2), que são considerados os principais factores de virulência.
Os AT-2 são proteínas expostas à superfície das bactérias, que aderem aos tecidos e promovem a disseminação destes microrganismos no hospedeiro.
Para determinar se os genes codificados para o AT-2 estão presentes ou não nas estirpes não patogénicas, foi utilizada a técnica de hibridização de DNA em microarrays (nova técnica que permite a análise simultânea de milhares de marcadores genéticos numa pequena preparação).
Os genes foram depositados sobre vidro e foi investigada a sua capacidade de união ao DNA de outras estirpes de Haemophilus parasuis.
Os resultados foram gritantes: todas as estirpes patogénicas têm AT-2, enquanto as estirpes não patogénicas são desprovidas destes genes.
Esta descoberta explica, em grande parte, porque razão as estirpes patogénicas podem colonizar diversos tecidos no organismo.
Numa segunda fase, sequenciaram-se os genes AT-2 procedentes de várias estirpes de Haemophilus parasuis revelando como ocorre a sua evolução.
Os genes AT-2 não ampliam simplesmente a sua diversidade por mutação e duplicação numa única bactéria, como também trocam módulos entre diferentes bactérias da mesma espécie.
A partir destes resultados, foi desenvolvido um simples teste molecular que permite diferenciar estirpes de Haemophilus parasuis com potencial patogénico de estirpes não patogénicas.
Os AT-2 podem, para além disso, ser bons candidatos ao desenvolvimento de novas vacinas para combater a doença de Glasser.
Fonte: Agrodigital