Cerca de 46 % das crianças portuguesas envolvidas num estudo sobre a carência de iodo apresentaram níveis baixos e 11 % muito baixos deste elemento essencial para o funcionamento da glândula tiroideia.
O estudo, divulgado no Congresso Europeu da Tiróide, envolveu 3.334 crianças, com idades entre os seis e os 12 anos, de 78 escolas de todo o país.
Segundo a investigação, 382 crianças (11,4 %) apresentaram uma carência grande de iodo e 1.544 (46,3 %) níveis baixos.
Há distritos do país onde o nível de iodo é mais baixo, nomeadamente em Bragança, Covilhã, Algarve, Coimbra e Portalegre.
João Jácome de Castro, da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia e presidente do congresso, explicou que a quantidade de iodo nos alimentos e na água varia significativamente de zona para zona geográfica.
O endocrinologista referiu que o pescado marinho é uma das principais fontes de iodo, mas também os produtos hortícolas, que contêm quantidades variáveis em função do solo onde foram cultivados.
João Jácome de Castro sublinhou que as pessoas que vivem em zonas montanhosas, afastadas do mar e que têm uma alimentação mais pobre em iodo, têm uma maior susceptibilidade ao hipotiroidismo, que afecta dois a três % da população portuguesa.
O estudo sobre a carência de iodo foi iniciado há três anos pelo Grupo de Estudos da Tiróide da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo e envolveu duas populações: grávidas e crianças em idade escolar.
O especialista sublinhou que 80 % das grávidas têm níveis de ingestão de iodo abaixo do desejável e 20 % níveis muito baixos, considerando estes dados muito preocupantes.
O médico alertou que a baixa de iodo na gravidez pode condicionar alterações no desenvolvimento intelectual das crianças no futuro.
Apesar dos resultados, nas crianças não serem tão preocupantes como nas grávidas.
As necessidades em iodo aumentam desde o nascimento até à adolescência, mantendo-se depois constante no adulto, excepto na gravidez e na amamentação em que a necessidade ainda é maior.
Na maioria dos países europeus são divulgadas campanhas que apelam à suplementação do iodo.
A sua deficiente ingestão pode levar à diminuição da produção das hormonas tiroideias (hipotiroidismo) e ao aumento do tamanho da tiróide (bócio).
Fonte: Jornal de Notícias