Nova operação da ASAE na zona de Fátima.
Entre críticas (discretas) de empresários e num cenário de chegada a Fátima de centenas de peregrinos, 57 brigadas da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) "varreram" durante os últimos dois dias 388 lojas, restaurantes e unidades hoteleiras da cidade, para garantir melhores condições dos serviços durante a peregrinação que se aproxima.
O saldo diz bem da envergadura da operação foram encerrados dez estabelecimentos (dois hoteleiros, mas a maioria de restauração), apreendida uma tonelada de alimentos e instaurados 371 autos.
"Obviamente as regras são necessárias, mas muito apertadas. Por mais que queiramos, nunca conseguimos ter tudo em ordem", lamentava José Heleno, proprietário de uma estalagem, no final da "visita" de uma brigada. Apesar de terem admitido que a unidade (de quatro estrelas) tem "condições bem melhores que a média", os inspectores apreenderam vários alimentos em condições irregulares de congelação e foram apontando o dedo a falhas de higiene.
"Já viu o lixo acumulado nestes armários? Não se pode limpar só o que estava à vista. Olhe para estas colheres, acha que estão em condições?". José Heleno ia encolhendo os ombros, explicando as dificuldades e o rigor que tenta transmitir aos funcionários. "Então, se concorda, quem são os responsáveis?", questionou de novo a inspectora. "Somos nós".
Pedagogia e alerta para as normas são, a par da detecção de irregularidades, princípios de operações desta envergadura.
António Nunes, presidente da ASAE, explica que a escolha de Fátima segue um critério orientador que o planeamento do organismo irá manter no futuro "Sempre que haja grande concentração de pessoas num local, com risco acrescido para os consumidores, iremos antecipadamente verificar as condições de segurança". Como aconteceu, recentemente, no Open do Estoril.
Ou como sucederá brevemente com o festival Rock in Rio, "em total colaboração com a organização", salientou.
Falta de licenciamento ou cadastro comercial, falhas graves nas condições higieno-sanitárias, deficiências na afixação de preços ou inexistência de livro de reclamações foram as infracções mais detectadas na "Operação Fátima".
No caso do hotel encerrado, não tinha licenciamento para uma zona recentemente ampliada. A maioria dos estabelecimentos encerrados apresentava falta de higiene, "com risco para a saúde pública". Infracção que constitui crime, punível com até três anos de cadeia.
Fonte: JN