23 de Novembro de 2025
Test-Drive
Test-drive
Experimente grátis!
Notícias
Newsletter
Notícias
Doenças transmitidas por animais sem aviso
2006-05-11

Portugueses não declaram casos e algumas doenças são obrigatórias.

Os casos de doenças transmitidas por animais (zoonoses) em Portugal são pouco comunicados às autoridades, mesmo quando se trata das que são de declaração obrigatória, lamentou hoje Fátima Amaro, do Instituto Nacional de Saúde Pública Ricardo Jorge.

«Muitas destas doenças estão sub-notificadas, nomeadamente as de declaração obrigatória. As outras então nem se fala», afirmou em Viseu, onde hoje participou no colóquio «Zoonoses: ameaça invisível».

Fátima Amaro, que trabalha no Centro de Estudos de Vectores e Doenças Infecciosas do Instituto Ricardo Jorge, frisou que doenças como a Febre Escaro Nodular, a Borreliose de Lyme e a Febre Q «são de declaração obrigatória por algum motivo, para se saber a sua evolução em Portugal, se está a diminuir ou aumentar, e que medidas devem ser tomadas».

Segundo a estudiosa, no que respeita a estas três doenças -cuja transmissão é feita pela carraça (no caso da Febre Q também por aerossóis e ingestão de leite) - em Portugal «de certeza que há muitos mais casos do que aqueles que são notificados».

No entanto, a falta de esclarecimento da população e o facto de «muitos médicos também não estarem alerta» tem contribuído para que não sejam declaradas, afirmou.

«Por exemplo, no que respeita à Borreliose de Lyme, detectamos cerca de 20 a 30 casos por ano e em 2004 só foi notificado um caso», contou.

Se na Febre Escaro Nodular e na Borreliose de Lyme há sinais exteriores visíveis (uma escara e um eritema que vai alastrando, respectivamente), no caso da Febre Q isso não acontece, podendo a doença causar lesões nos pulmões.

Fátima Amaro disse que estas zoonoses e outras estudadas no centro onde trabalha, «em potência podem todas levar à morte», mas quando são detectadas logo no início «conseguem- -se controlar normalmente».

Considera, por isso, «muito importante o esclarecimento da população, que pode apresentar sinais que as leve imediatamente ao médico», e também uma maior atenção destes profissionais aos sintomas.

Uma zoonose é, segundo a Organização Mundial de Saúde, uma doença ou infecção que passa dos animais vertebrados para o homem.

Pode ser transmitida de forma directa, através de mordidelas e arranhadelas do animal infectado ou pelo contacto com as suas secreções, ou indirectamente, através dos chamados vectores (carraças, mosquitos, ácaros, pulgas e roedores), pela via alimentar ou aerossóis.

A investigadora afirmou que há aquelas que podem mesmo ser «um potencial agente de bio-terrorismo», como a Tularemia, que entra pela pele mesmo quando não há lesões, e a Febre Q.

«A sua transmissão faz-se por aerossóis. São partículas que ficam em suspensão no ar e é fácil criar formas de a difundir», explicou.

Durante o colóquio, Fátima Amaro contou que se supõe que as zoonoses tenham acompanhado a evolução do homem, havendo, por exemplo, referências à raiva em 2.300 antes de Cristo.

Estima-se que, em todo o Mundo, cerca de 62 por cento das doenças humanas sejam transmitidas pelos animais, e que estas estejam a aumentar, devido, por exemplo, aos hábitos alimentares, à maior mobilidade de pessoas e animais, ao contacto mais frequente com animais selvagens e também a práticas agrícolas, como a reflorestação, que levam a alterações de habitat.

«São um problema grave, mas é necessário tomarmos medidas sem ser alarmistas», defendeu, referindo-se, nomeadamente, à criação de novos mecanismos de vigilância e à junção de vários sectores e disciplinas, como a medicina, a veterinária, a biologia da população, a informação tecnológica, a economia, as ciências sociais e o diagnóstico.

No Centro de Estudo de Vectores e Doenças Infecciosas duas das zoonoses mais estudadas são o Hantavirus e o Vírus West Nile, que já registaram casos em Portugal.



Fonte: PortugalDiário

» Enviar a amigo

Qualfood - Base de dados de Qualidade e Segurança Alimentar
Copyright © 2003-2025 IDQ - Inovação, Desenvolvimento e Qualidade, Lda.