O ministro da Agricultura, Jaime Silva, negou ontem que a elevada prevalência de salmonelas nos aviários portugueses - 80%, a maior da União Europeia - represente perigo para a saúde pública.
Vai ainda ser aplicado um Plano de Acção para reduzir a incidência da bactéria em galinhas para valores inferiores a 10%, em dois anos.
O plano, anunciado em comunicado pelo Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, contempla inspecções aos aviários de poedeiras que revelarem resultados positivos.
Está também prevista a repetição do rastreio de salmonela a todas as explorações avícolas e encaminhamento para subprodutos de todos os ovos frescos produzidos por bandos afectados - ou cujos registos revelem a persistência de infecção por estas bactérias.
O ministro Jaime Silva falava aos jornalistas sobre o estudo durante uma visita às vinhas do Douro, para avaliar os estragos provocados pelo mau tempo.
Num relatório preliminar da Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA, na sigla inglesa), divulgado na quarta-feira, Portugal é apontado como o país com maior prevalência de salmonelas nas explorações de galinhas poedeiras da União Europeia: 79,5%.
No que respeita às subespécies Salmonella enteritidis e Salmonella typhimurium, os dois subtipos mais preocupantes para a saúde humana, Portugal surgia em quinto lugar na lista, com 47,7% - atrás da Checoslováquia, da Polónia, da Espanha e da Lituânia.
O ministro da Agricultura salientou que, no que diz respeito a estes subtipos de salmonelas patogénicas, "Portugal não é o pior" e considerou que houve um factor de agravamento dos resultados, já que as amostras foram recolhidas em Agosto de 2005, em plena seca.
Jaime Silva anunciou ainda que vão ser realizadas novas amostras e que os resultados das análises deverão estar prontos num mês.
Para tentar provar a tese de que não existe risco efectivo para a saúde pública, o governante diz que "as amostras foram retiradas das fezes dos animais, e foi aí que se encontraram as salmonelas. Como é feita uma selecção dos ovos antes de serem comercializados (separando os que têm fezes agarradas, por exemplo), reduz-se o risco".
A Associação Nacional de Avicultores Produtores de Ovos (ANAPO) também rejeitou alarmismos, salientando que as análises de autocontrolo não têm revelado salmonela nos produtos.
Segundo Paulo Mota, técnico da associação, todos os ovos produzidos nas explorações são triados por um centro de classificação.
"Os ovos passam num ovoscópio e são retirados os que estão fissurados, sujos ou com manchas de sangue, por exemplo."
O alerta para a presença de salmonelas em ovos foi dado na 6ª feira, dia 16/6/2006.
Pode haver ovos contaminados à venda, dizem as autoridades.
Ovos contaminados com salmonelas podem estar à venda em Portugal e transmitir a bactéria às pessoas se forem consumidos crus ou cozinhados a baixas temperaturas.
A informação é da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) com base num estudo pedido pela Comissão Europeia e feito pela Agência Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) nos 25 Estados-membros.
O estudo revela a existência, em Portugal, de criações de galinhas poedeiras que estão contaminadas com salmonelas.
Coloca-nos como o País com mais casos de contaminação.
O assunto vai ser discutido amanhã, terça-feira, entre o ministro da Agricultura, Jaime Silva, e responsáveis pela Direcção Geral de Veterinária e da ASAE.
O estudo – que decorreu em 2005 em simultâneo em todos os países da União Europeia – conclui que Portugal lidera a lista dos países com maior prevalência de casos de salmonelas em criações de galinhas poedeiras, com 79,5 por cento de resultados positivos em testes feitos pela EFSA.
Análises às fezes e poeiras
Em Portugal, as análises foram efectuadas às fezes, poeiras e penugens das galinhas de um total de 86 produções avícolas e não propriamente às aves.
Por enquanto foram apenas divulgados os resultados preliminares do estudo, referentes a 44 produções avícolas.
Perante a contaminação da matéria orgânica das galinhas e das unidades produtivas onde são criadas conclui-se que as aves estão também contaminadas, bem como os ovos que produzem e entram, posteriormente, no mercado nacional.
Barreto Dias, director científico e vice-presidente da ASAE, declarou que existe a possibilidade de contaminação da salmonela para o consumidor.
“Há um risco elevado do consumidor comprar ovos contaminados. A bactéria é destruída pela acção do calor e por isso as pessoas devem ser cuidadosas e cozinhar os ovos a elevadas temperaturas, a 70 graus e durante, pelo menos, minuto e meio.”
Perante esta situação, aquele responsável considera que “não se justifica o abate dos animais” e explica porquê: “A salmonela é uma bactéria que vive no último tracto intestino dos animais. Pode ser transmitida ao homem através dos alimentos.”
Manuel Lage, assessor de Comunicação da ASAE, sublinha que este órgão de fiscalização não participou no estudo que, por ter incidido em explorações de aves vivas, compete ao Ministério da Agricultura prestar mais esclarecimentos sobre o caso.
Fonte do gabinete do ministro Jaime Silva, que tutela o Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, alegou que “os técnicos estão a estudar o relatório”.
Questionando sobre se se estaria o País perante um risco de saúde pública, Graça Freitas, subdirectora-geral da Saúde, justificou que “o estudo não reporta uma situação de saúde pública nem envolve pessoas. Foi feito com animais vivos”, rementendo, por isso, as explicações para o Ministério da Agricultura.
Facilidade de transmissão
As salmonelas são bactérias que podem ser transmitidas às pessoas através da ingestão de alimentos crus ou mal confeccionados e bebidas e estão frequentemente associadas ao consumo de ovos.
Esta intoxicação, que é de declaração obrigatória às autoridades de saúde, infecta anualmente mais de 160 mil indivíduos na União Europeia e o seu controlo é encarado pela Comissão Europeia como uma prioridade da política de segurança alimentar.
Após a ingestão da bactéria, o seu período de incubação no organismo humano é curto.
Os sintomas mais frequentes são os vómitos, enjoos, diarreia, espasmos abdominais e diarreia e o doente acaba por recorrer ao hospital.
A intoxicação é especialmente grave em bebés, grávidas, idosos, doentes em geral e pessoas com o sistema imunitário debilitado.
Os especialistas aconselham a lavar muito bem os alimentos crus. Consumir apenas água potável.
Mais casos em Portugal
Portugal lidera a lista dos 25 Estados-membros da União Europeia no que respeita à prevalência de salmonelas em unidades de produção de galinhas poedeiras, com 79,5 por cento de resultados positivos em testes efectuados pela Agência Europeia de Segurança Alimentar (EFSA).
No que respeita especificamente às espécies Salmonella enteritidis e Salmonella typhimurium, a percentagem registada nas criações portuguesas, de 47,7 por cento, é ultrapassada pela Checoslováquia (62,5 por cento), Polónia (55,9 por cento), Espanha (51,6 por cento) e Lituânia (50 por cento).
A Inglaterra, que registou o terceiro lugar mais baixo de contaminação, coloca a hipótese de proibir a importação de ovos, ao saber que mais de metade das produções de aves em alguns países de UE estão contaminadas com salmonelas.
Causas e consequências da bactéria
As salmonelas são bactérias transmitidas através da ingestão de alimentos e estão associadas com frequência ao consumo de ovos.
Esta intoxicação infecta por ano mais de 160 mil indivíduos na União Europeia.
Em Portugal, houve 412 casos de salmonelose em 1999, 309 em 2000, 522 em 2001, 328 em 2002 e 602 em 2003. Em 2004 registaram-se 544 casos e, em 2005, 513 (dados do relatório sobre as Doenças de Declaração Obrigatória da Direcção-Geral de Saúde).
Alimentos de risco
- Ovos e seus preparados
- Leite não pasteurizado e seus derivados
- Carne e seus derivados
- Salsichas cruas
- Frango em mau estado
- Verduras cruas
- Peixes e mariscos
Meios de contágio
- Por contacto directo com pessoas doentes
- Através do consumo de alimentos ou bebidas em mau estado
A incubação
O período de incubação é muito curto. Os primeiros sintomas aparecem nas 12/14 horas após a ingestão de alimentos ou bebdias contaminados.
Tratamento
Terapia feita com antibióticos
Prevenção
- Cozinhar bem os alimentos, carnes e seus derivados
- Lavar adequadamente as frutas e verduras
- Consumir apenas água potável
- Cuidar da higiene dos animais domésticos
Sintomas
- Febre
- Náuseas, vómitos e desidratação
- Dores abdominais
- Diarreia
Números
O estudo da EFSA incidiu sobre um total de 5317 grandes criações avícolas nos 25 países da União Europeia e Noruega (que participou de forma voluntária) – sendo retidos os dados de 4561 – todas elas com mais de 1000 galinhas poedeiras.
Esta intoxicação afecta anualmente mais de 160 mil indivíduos na União Europeia e o seu controlo é encarado pela Comissão Europeia como uma prioridade da política de segurança alimentar.
Em Portugal registaram-se 412 casos de salmonelose em 1999, 309 em 2000, 522 em 2001, 328 em 2002 e 602 em 2003. Em 2004 o número de pessoas infectadas baixou para 544 e, em 2005, registaram-se 513.
Fonte: Correio da Manhã e Diário de Notícias