As doenças de origem alimentar afectam anualmente uma em cada três pessoas mas o seu número real em Portugal é desconhecido, situação que poderá será resolvida com um projecto-piloto que está a ser desenvolvido para pôr fim à falta de dados.
A ASAE - Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica realiza hoje, dia 22 de Junho, uma sessão de apresentação da actividade científica.
Nesta sessão, surgem em destaque os programas realizados pela ASAE em Portugal, em parceria com outras entidades, com o objectivo da criação de importantes instrumentos para a avaliação dos riscos alimentares dos portugueses.
Neste evento, é apresentado oficialmente o Protoreg, pela Doutora Alexandra Veiga (ASAE) e pelo Doutor Luís Meireles (Biostrument).
A apresentação está a decorrer desde as 9:45 horas, no Centro de Congressos de Lisboa (antiga FIL), na Junqueira em Lisboa, sendo a sessão de Encerramento presidida pelo Secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, Dr. Fernando Serrasqueiro.
Alexandra Veiga, coordenadora científica do projecto PROTOREG, criado no âmbito da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), explicou que, a nível mundial, as toxinfecções alimentares são cerca de 350 vezes mais frequentes do que os casos declarados.
Toxinfecções alimentares é o nome genérico que designa tanto as infecções provocadas por vírus ingeridos nos alimentos, como as intoxicações originadas pelo consumo de alimentos onde cresceram bactérias, que produzem toxinas.
Embora o registo destes casos seja uma prática corrente desde há anos em vários países europeus, em Portugal os dados "estão dispersos por várias entidades", o que não permite conhecer o seu número real, assinalou a investigadora, que integra a Direcção de Avaliação e Comunicação dos Riscos na Cadeia Alimentar da ASAE.
Com o objectivo de criar uma base de dados que centralizasse a informação sobre as doenças de origem alimentar, começou a ser desenvolvido, em Dezembro de 2005, o projecto-piloto PROTOREG, que é hoje dado a conhecer, em Lisboa, no âmbito da apresentação da actividade científica da ASAE.
O PROTOREG associa a ASAE, a Biostrument, Lda., a Associação para a Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica, o Hospital de São Sebastião, S.A e o Hospital Amadora-Sintra, Sociedade Gestora, S.A, e supõe o registo sistemático do processo clínico de todos os doentes que se dirijam às urgências hospitalares com sintomas que, numa triagem inicial, indicam uma toxinfecção.
Os dados são depois tratados e apresentados num portal (www.protoreg.org), de acesso livre, que permite observar a sua distribuição por sexo e idade dos doentes, estando igualmente prevista a apresentação dos resultados por distrito e com indicação de cada agente causador da doença.
Alexandra Veiga sublinhou que a associação de mais hospitais ao projecto é desejável, pois permitirá detectar situações como distritos mais susceptíveis a este tipo de problemas e averiguar se os mesmos têm origem na produção ou distribuição de alimentos, ou na sua manipulação em casa.
A residência é precisamente o sítio mais problemático para a origem de doenças alimentares, elucidou a investigadora, o que contraria o senso comum de associar infecções e intoxicações alimentares a refeições ingeridas fora de casa .
"Basta ir ao supermercado num dia de muito calor, colocar os alimentos frescos no porta-bagagem do carro e apanhar trânsito no regresso a casa para que se possam desenvolver bactérias", cujas toxinas podem não ser eliminadas por uma deficiente cozedura, pormenorizou Alexandra Veiga.
Presentemente, realçou a responsável, os dados disponíveis no portal dizem sobretudo respeito ao Hospital de S. Sebastião e "não permitem fazer nenhuma análise" mas, no futuro, podem contribuir para medidas mais eficazes de prevenção destas doenças e de gestão do risco não só no panorama nacional, mas também num contexto europeu.
Fonte: Lusa