As autoridades internacionais estão atentas a possíveis falsificações com azeite, não excluindo mesmo a hipótese de, por essa via, serem delineados ataques terroristas. Barreto Dias, director científico da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), explicou que "as fraudes com o azeite estão sempre em estudo e é um dos bens mais controlados, mas não há garantia de segurança total. A malha de fiscalização é cada vez mais apertada para prevenir qualquer tipo de acontecimento, mesmo a hipótese do bioterrorismo".Sublinhando que todas as apreensões de azeite falsificado em Portugal, cerca de 150 mil litros este ano, "são a fraude típica com uma simples adição de óleos comestíveis, que permite um razoável diferencial de preço e não representam um perigo para a saúde pública", admite a possibilidade de se poder vir a repetir o caso de "azeite de colza" que aconteceu há 25 anos em Espanha, um dos mais graves exemplos de falsificação."Nessa altura também não houve, ou pelo menos não se provou, a intenção de provocar danos na saúde", acrescentou.O que é ainda hoje considerado o mais grave caso de intoxicação alimentar em Espanha, que afectou, de acordo com dados oficiais, 18 mil pessoas e provocou a morte de 1500, foi detectado pela primeira vez em Maio de 1981, e ainda não está concluído. Os casos continuam em tribunal e a situação de sete mil pessoas ainda está a ser avaliada para apurar se foram ou não afectados.As investigações determinaram que os afectados tinham em comum o consumo de azeite de colza desnaturalizado com anilina. O óleo de colza fora importado de França para uso industrial, depois foi distribuído por alguns produtores de azeite, que tentaram extrair a anilina a altas temperaturas, um processo que, segundo os investigadores, deu lugar à criação de compostos tóxicos.O azeite falsificado com óleo de colza foi vendido em garrafas de plástico, por vendedores ambulantes. Na altura, era permitida a venda ambulante de azeite, regra que entretanto foi alterada.Tendo por base este grave caso de falsificação de azeite, Barreto Dias realça que, actualmente, "a capacidade de rastreio evoluiu muito e permite localizar os produtos e ingredientes e retirá-los do mercado, mas a segurança não é total!". Por isso, "deve-se comprar só no circuito legal".As investigações para a segurança e qualidade deste produto são asseguradas pelo Conselho Oleico Internacional, e por um departamento das Nações Unidas. Em Portugal, existem dois laboratórios acreditados, o da ASAE e o do Instituto Superior de Agronomia.
Fonte: Jornal de Notícias