Recomendações da EFSA sobre a prevenção e redução de doenças de animais transmissíveis aos humanos (zoonoses).
No final do ano passado a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) publicou o seu primeiro relatório anual [1] sobre doenças infecciosas de animais transmissíveis a humanos (zoonoses) que afectam mais de 380 000 cidadãos europeus por ano.
Baseada neste relatório, e a pedido do Conselho de Ministros da União Europeia (UE), a EFSA apresenta agora, e pela primeira vez, uma série de conclusões, recomendações e iniciativas de comunicação do risco que visam prevenir e reduzir as doenças zoonóticas na UE.
A Autoridade também identificou aspectos do sistema de declaração das zoonoses que deverão ser melhorados.
O Parecer foi preparado pelos Paineis Científicos dos Perigos Biológicos (BIOHAZ) e da Saúde e Bem Estar Animais (AHAW) da EFSA em estreita colaboração com o Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças (European Centre for Disease Prevention and Control - ECDC) que deu contribuições para as recomendações relacionadas com os dados humanos.
As duas doenças zoonóticas mais frequentemente relatadas em 2004 foram a salmonelose e a campilobacteriose, responsáveis pelo relato de 192 703 e 183 961 casos, respectivamente.
De acordo com o Parecer da EFSA, as principais fontes de Salmonella são os ovos e ovoprodutos contaminados, assim como a carne de aves de capoeira contaminada.
Assim, a EFSA apoia a estratégia da Comunidade de estabelecer uma redução dos limites de Salmonella em aves de capoeira [2].
A carne de aves de capoeira contaminada também é a principal fonte de Campylobacter e a EFSA recomenda a tomada de medidas ao longo da cadeia de produção de aves de capoeira que reduzam a prevalência desta bactéria.
A listeriose, que é uma doença severa em humanos, foi responsável pelo mais elevado número de casos fatais relatados em humanos (107 mortes), entre as 11 zoonoses cobertas pelo relatório das zoonoses da EFSA.
A EFSA recomenda que boas práticas de fabricação, higiene e manuseamento, assim como a abordagem da identificação dos perigos através do HACCP [3] sejam efectivamente aplicados pelos fabricantes de alimentos de modo a diminuir os níveis de contaminação por Listeria nos alimentos.
A toxoplasmose, que pode afectar severamente os fetos e os indivíduos imunocomprometidos foi a doença zoonótica provocada por parasitas mais frequentemente notificada.
A EFSA considera que esta doença está sub-detectada e sub-relatada e recomenda que sejam feitas campanhas educativas dirigidas a indivíduos vulneráveis e que abordem as práticas de culinária e de higiene, assim como o manuseamento dos dejectos dos gatos.
A resistência antimicrobiana em bactérias zoonóticas encontradas em animais usados para a alimentação é identificada no Parecer como uma preocupação de saúde pública.
A EFSA recomenda uma monitorização obrigatória da utilização de tratamentos antimicrobianos em animais usados para a alimentação e a implantação de medidas de comunicação do risco dirigidas aos agricultores e veterinários salientando a importância da utilização prudente de agentes antimicrobianos em animais.
O Parecer também refere com preocupação a aparente elevada incidência entre crianças pequenas de infecções por Salmonella, E.coli verotoxigénica e de Yersinia. A EFSA identifica a necessidade de prosseguir a investigação desta tendência.
O Parecer da EFSA ressalta a necessidade de uma maior clarificação sobre o papel da água contaminada como causa de doenças zoonóticas e de surtos de doenças de origem alimentar e indentifica os alimentos para animais contaminados como uma via importante de introdução de Salmonella no gado.
De acordo com o Parecer da EFSA, a raiva continua a constituir um risco fatal para a saúde humana em áreas em que esta doença está presente na vida selvagem.
Em zonas endémicas, a EFSA recomenda a imunização oral de espécies selvagens tais como raposas e racoons, nos maiores reservatórios, através de acções coordenadas a nível Comunitário assim como a vacinação, registo e identificação de animais de estimação.
A EFSA também recomenda que iniciativas de comunicação dos riscos com caracter genérico com o objectivo de melhorar os procedimentos de higiene alimentar e de manuseamento dos alimentos sejam dirigidas aos operadores económicos que actuem na área alimentar, aos grupos vulneráveis da população, assim como ao público em geral.
O Parecer também faz diversas recomendações para a melhoria dos sistemas Europeus de monitorização e informação das zoonoses, entre as quais as necessidades de:
- uma estratégia comum de recolha de dados, monitorização e informação, bem como o melhoramento da harmonização das definições,
- monitorização obrigatória da utilização de agentes antimicrobianos em animais,
- distinção entre infecção adquirida domesticamente ou externamente, sempre que se relatem casos de surtos em humanos,
- inclusão de dados sobre a origem do alimento implicado nos relatos,
- melhoria no cálculo da carga microbiana através de abordagens tais como DALYs (Disability-Adjusted Life Years [1]) em vez de meramente relatar o número de casos.
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[1] Clique aqui.
[2] A Comissão Europeia adoptou um Regulamento que visa a redução dos níveis de Salmonella em galinhas poedeiras no passado mês de Agosto. Clique aqui.
[3] Análise dos perigos e pontos críticos de controlo (Hazard Analysis and Critical Control Points)
[4] O somatório dos anos de perda potencial de vida devida à mortalidade prematura e os anos de vida produtiva perdidos devido a incapacidade (definição OMS)
Notas:
1. O relatório da EFSA de 2004 sobre zoonoses foi publicado em 2005 e disponibiliza dados sobre as 11 doenças zoonóticas identificadas de acordo com a Directiva 92/117/EEC: Salmonella, Campylobacter, Listeria monocytogenes, E.coli verotoxigénica, Brucella, Yersinia, Trichinella, Echinococcus e Toxoplasma assim como tuberculose provocada por Mycobacterium bovis e raiva.
2. A presença de bactérias zoonóticas ou parasitas em alimentos não significa necessariamente que resulte num número correspondente de casos humanos uma vez que o manuseamento seguro, preparação e cozedura dos alimentos pode ajudar a evitar doenças em humanos.
A informação sobre o manuseamento seguro, preparação e cozedura de alimentos pode ser obtida nas autoridades nabionais de segurança alimentar e na OMS clique aqui.
Fonte: Ao abrigo do Protocolo da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASEA) e a Biostrument