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Espanha: peixe para consumir cru deve ser congelado
2006-12-13

O Governo espanhol aprovou um decreto-lei que obriga a congelar todo o peixe que se destina a ser consumido cru, para evitar infecções e problemas de saúde, uma questão que não preocupa as autoridades e os especialistas portugueses.

Ao serem ingeridas pelo homem, as larvas infectantes presentes no peixe cru podem não causar qualquer problema acabando por ser eliminadas nas fezes.

Porém, também podem provocar reacções alérgicas como erupções cutâneas, urticária ou febres altas e, no pior dos casos, distúrbios gástricos ou hemorragias digestivas.

O decreto-lei aprovado pelo Conselho de Ministros espanhol a 1 de Dezembro obriga que todos os estabelecimentos congelem o peixe que se destina a ser servido cru com 24 horas de antecedência, a uma temperatura igual ou inferior a 20 graus negativos, de forma a destruir o parasita anisakis, encontrado "em cerca de um terço do peixe nas lotas espanholas".

Segundo um documento da agência espanhola de segurança alimentar, esta medida de prevenção "melhorará a protecção dos consumidores perante possíveis infecções através do anisakis e cumpre com os requisitos fixados na normativa comunitária através do regulamento CE 853/2004 do parlamento e conselho europeu, assim como do regulamento CE 2074/2005 da Comissão Europeia".

O mesmo documento refere que as autoridades espanholas também vão pôr em marcha um plano nacional para o controlo deste parasita em toda a cadeia alimentar e os ministérios de Saúde, da Agricultura, da Pesca e Alimentação espanhóis vão lançar uma campanha informativa de prevenção, uma vez que "a infecção em humanos na sua vertente parasitaria e alérgica, é um problema de saúde publica, cuja incidência, embora ainda baixa, tem estado a aumentar nos últimos anos".

Situação controlada em Portugal

Fonte oficial do Ministério da Agricultura disse "que não há necessidade de estar em alarme, uma vez que, ao contrário de Espanha, Portugal tem controlo na descarga de peixe na lota, onde este é devidamente inspeccionado".

"O primeiro controlo do peixe à chegada é da competência da Direcção-Geral de Veterinária, passando para a competência da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica em Portugal [ASAE] quando comercializado", acrescentou a mesma fonte.

Segundo dados da ASAE, a infecção de humanos com este parasita, cujas larvas existem em peixes e em certos mamíferos marinhos, ocorre "através do consumo de alguns tipos de peixe cru ou fumado, mal cozinhado ou insuficientemente congelado".

O alergologista Pedro de Mata disse que, embora não seja uma coisa comum em Portugal, "existem casos de infecção e muitos continuam a ser subdiagnosticados porque estas reacções são difíceis de identificar, confundindo-se muitas vezes com outras reacções alérgicas ao peixe ou ao marisco".

O director científico da ASAE, Barreto Dias, disse que "nada aponta para situações de risco em Portugal, também devido a falta de iniciativas no país semelhantes à espanhola".

"Não sei se o exemplo de Espanha vai ser seguido em Portugal, embora haja outros estados como o Reino Unido, onde o consumo de peixe cru se encontra muito mais vulgarizado", disse.

"Lembro que em termos legislativos e no que diz respeito a leis alimentares, os estados-membros não são soberanos e qualquer lei no domínio alimentar tem que passar por um comité comunitário da UE, que decidirá se se trata dum problema importante e de interesse para a comunidade e para os consumidores europeus , podendo então ser adoptadas as medidas necessárias", acrescentou.

Cozinha estrangeira faz aumentar risco

Segundo os dados da ASAE, a infecção com este parasita atinge em todo o mundo cerca de duas mil pessoas por ano e está relacionada com os hábitos alimentares, sendo estas infecções mais frequentes em países asiáticos, em particular no Japão — onde ocorrem mais de 95 por cento do total dos casos denunciados no mundo — e em comunidades piscatórias europeias e sul-americanas.

Na Europa registam-se apenas 3,5 por cento do total de casos. Contudo, devido ao aumento de popularidade da culinária exótica, nomeadamente do consumo de sushis e sashimis a nível mundial, a incidência deste tipo de infecções tem aumentado nos países europeus.

Segundo a autoridade de segurança alimentar portuguesa, "todos os indivíduos que consomem peixe e frutos do mar crus ou mal cozinhados são considerados de risco".

Esta autoridade adianta ainda que a prevenção da contaminação passa por evitar o consumo de peixes e de frutos do mar crus ou mal cozinhados, uma vez que o parasita é inactivado no peixe por cozedura a 60ºC durante dez minutos, por congelação e por irradiação.

Tirar as vísceras ao peixe imediatamente após a captura é recomendada para evitar a migração das larvas da cavidade intestinal para o músculo.



Fonte: Público

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