Investigadores do departamento de inovação tecnológica e valorização do produto pescado do Instituto Nacional de Investigação Agrária e das Pescas, INIAP/IPIMAR, acaba de criar um novo produto com viabilidade comercial produzido a partir do pescado, mais concretamente utilizando pescada como matéria-prima.
A salsicha foi o conceito escolhido, alternativamente ao desenvolvimento de um novo produto alimentar, pelo facto de ser um tipo de produto existente e familiar para o público consumidor em geral.
De acordo com os investigadores, “pretendeu-se reabilitar este produto junto da população, dissociando-o da carne, da gordura e dos consequentes malefícios para a saúde”, apesar de o propósito ter sido sempre a manutenção do tradicional sabor, bem como demais características, de uma salsicha Frankfurter.
Foi, assim, criada uma salsicha saudável e inovadora de peixe que mimetiza na perfeição as propriedades sensoriais (odor, sabor e textura) de uma típica salsicha Frankfurter de porco. “De tal maneira assim é, que alguém vendado ao saborear o produto assumirá tratar-se de algo feito com carne de porco”, referem os seus criadores em comunicado.
Contudo, e segundo os especialistas, “este produto contém quase 60 por cento de pescada (Merluccius capensis) e nenhuma carne de animais terrestres misturada”.
“Adicionalmente, o toucinho foi integralmente removido e, graças à sensação oleosa proporcionada por uma fibra especial (fibra 1), foi possível evitar eventuais prejuízos para as propriedades sensoriais do produto”.
Deste modo, “a única fonte de gordura é a pescada, que, como se sabe, apresenta um baixíssimo teor lipídico”, refere o documento, acrescentando que, por outro lado, “de modo a melhorar a textura, nomeadamente, a dureza, foi adicionada uma quantidade significativa de uma outra fibra (fibra 2).
Para além dos benefícios funcionais descritos, estes ingredientes podem melhorar a ingestão de fibra dietética (uma questão que, ultimamente, tem recebido muita atenção, uma vez que ensaios clínicos têm sugerido a redução do risco de cancro do cólon pela acção da fibra dietética)”.
Esta salsicha é dirigida a jovens consumidores, especialmente, crianças e a pessoas que desejem reduzir a proporção de carne com origem em animais terrestres nas suas dietas.
Como as habituais salsichas, esta é cozida e pasteurizada, tratando-se assim de “um produto pronto para consumo, como prato principal do almoço ou jantar”.
Os investigadores enfatizam ainda o facto de esta salsicha poder vir a ser “muito útil na valorização dos desperdícios da indústria de processamento de pescado —mormente, do corte do peixe—, desde que a qualidade seja assegurada por adequada recolha e preservação destes, em consonância com as boas práticas de fabrico e higiene”.
Desta maneira, à semelhança do que sucede com a indústria do porco, “este produto de origem marinha poderá garantir uma interessante via de escoamento para restos de peixe inutilizados ou vendidos para a produção de farinha de peixe”.
Fonte: Cienciapt.net