A vacina contra a gripe sazonal pode reduzir a severidade da gripe das aves, segundo um estudo efectuado em 38 pessoas e ratos, cujos resultados são publicados esta segunda-feira nos Estados Unidos.
O vírus H5N1, responsável pela gripe das aves, é diferente do H1N1 e do H3N2 da gripe à qual a maioria dos humanos estão expostos e contra as quais já desenvolveram anti-corpos.
O H e o N referem-se a duas componentes do vírus da gripe, as proteínas hemaglutina e neuraminidase, cada uma presente em várias variedades identificadas por um número associado a estas letras.
O professor Richard Webby e os seus colegas do hospital para crianças St. Jude de Memphis questionaram-se se a imunidade ao tipo humano N1 da gripe e as vacinas desenvolvidas para proteger contra esta variante poderiam fornecer uma protecção contra o vírus H5N1 da gripe das aves cuja proteína N1 é muito próxima.
Para tal, os investigadores imunizaram ratos com ADN que permite às suas células a produção das proteínas neuraminidase a partir de um vírus H1N1 de uma epidemia de gripe sazonal.
De seguida examinaram a resposta imunitária dos animais às proteínas de uma variante do vírus da gripe sazonal e ao vírus H5N1 da gripe das aves, proveniente de uma pessoa infectada no Vietname em 2004, após ter contactado com aves doentes.
O organismo da maioria dos ratos respondeu à vacina celular com a produção de anti-corpos capazes de reconhecer a proteína N1.
Todos os ratos vacinados sobreviveram a uma infecção de várias variantes da gripe humana sazonal fabricadas pelos investigadores.
Metade dos animais também sobreviveu a uma versão enfraquecida de um vírus H5N1 proveniente de um Vietnamita infectado.
Os médicos testaram de seguida as amostras sanguíneas de 38 voluntários para testar a capacidade de neutralizar a proteína neuraminidase de um vírus H1N1 da gripe sazonal e de duas variantes do H5N1 da gripe das aves.
A maioria das amostras de sangue estavam activos contra a proteína N1 do vírus H1N1 e oito ou nove conseguiram neutralizar a proteína neuraminidase dos dois vírus H5N1, constataram os investigadores.
Após o seu surgimento no fim de 2003 na Ásia, a gripe das aves já provocou cerca de 160 mortos, sobretudo na Ásia, segundo a Organização Mundial de Saúde.
Até hoje, ainda não houve qualquer caso de transmissão humana directa.
No entanto, os responsáveis sanitários mundiais consideram que o vírus, em constante mutação, conseguirá um dia adquirir a capacidade de se transmitir entre humanos, o que provavelmente provocará uma pandemia.
Fonte: Portugal Diário