Apesar de em 2004 ter havido uma melhoria generalizada da qualidade de água de abastecimento público em Portugal, o quadro ainda "é muito mau".
Esta afirmação foi efectuada na passada Terça-feira pelo director do Departamento de Qualidade da Água do Instituto Regulador de Águas e Resíduos (IRAR), Alexandre Milheiras Costa. Esta entidade tem por missão assegurar a qualidade dos serviços prestados pelos sistemas multimunicipais e municipais de água de abastecimento público, de águas residuais urbanas e de resíduos sólidos urbanos, supervisionando a concepção, execução, gestão e exploração dos sistemas, e, também, garantir o equilíbrio do sector e a sustentabilidade económica desses sistemas.
O director do Departamento de Qualidade da Água (DQA) do instituto revela que o relatório relativo ao "Controlo da Qualidade da Água para Consumo Humano" referente a 2004 estará disponível, "durante o mês de Outubro" em clique aqui.
Recorde-se que, em 2003, a percentagem de análises em falta era de 17,34%, número correspondente a mais de 143 mil análises obrigatórias que não tinham sido efectuadas. Segundo a Quercus-Associação Nacional de Conservação da Natureza, esse número era demasiadamente elevado e podia "esconder muitas situações causadoras de problemas para a saúde pública". Além disso, 19 concelhos não tinham transmitido a informação necessária relativa à qualidade da água ao IRAR.
"A situação melhorou em 2004", declarou ontem Milheiras Costa "O número de análises em falta oscila entre 14% e 14,5% (houve um decréscimo de 3%) e só sete conselhos, no Continente e nos Açores, não apresentaram análises", disse o director do DQA do IRAR, lembrando que "existe uma autoridade regional competente, na Região Autónoma da Madeira".
A missão de autoridade competente para a qualidade da água para consumo humano do IRAR é aplicável a todas as entidades gestoras de serviços de abastecimento de água, que totalizam actualmente mais de três centenas.
Milheiras Costa sublinha também que "2003-2004 foi um ano de transição" no quadro legislativo, quer no tocante às competências do IRAR, quer em termos de parâmetros analíticos. Por outro lado, "o controlo da qualidade da água passou a ser feito obrigatoriamente na torneira do consumidor e não, conforme acontecia anteriormente, só na água que circulava na rede", afirma o director do DQA do IRAR.
Antecipando resultados que o próximo relatório sobre o "Controlo da Qualidade da Água para Consumo Humano" registará, Milheiras Costa considera que "há uma melhoria generalizada de qualidade, de cerca de 20%, nomeadamente na análise dos parâmetros mais caros (dos elementos tóxicos, por exemplo)".
E o director do DQA do IRAR adianta que, em termos de parâmetros violados relativamente a 2003, "não houve agravamento nas bactérias coliformes e os de ferro e manganês baixaram consideravelmente".
O director do DQA do IRAR considera que a redução da percentagem de violações reflecte, a um tempo, "maiores cuidados que as autoridades gestoras possam ter e águas de melhor qualidade no abastecimento às populações".
Por outro lado, tendo em conta que a evolução do quadro legislativo também extinguiu e criou parâmetros (ou alterou valores em outros parâmetros que foram mantidos), o relatório do IRAR relativo a 2004 apresenta, em relação a 2003, "um aumento de 20% de violações do pH".
A este respeito, Milheiras Costa sublinha "O valor paramétrico do pH deve oscilar entre 6,5 e 9. Verifica-se que, nas regiões do Norte e Centro do país, o pH é baixo, ou seja, a água é agressiva.
E embora esse valor não envolva risco para o consumidor, essa água, a circular na rede de distribuição, pode atacar componentes do equipamento, cuja dissolução é susceptível de criar problemas para a saúde pública".
Fonte: JN