Ministro da Saúde apela à tranquilidade dos portugueses
O ministro da Saúde, Correia de Campos, apelou hoje à tranquilidade dos portugueses relativamente à gripe das aves, adiantando que Portugal está preparado para eventual passagem de humano para humano com reservas estratégicas de vacinas.
"No pior cenário de todos, cenário esse que tem escassas probabilidades, nós estaremos preparados por isso não há razão para alarme", afirmou Correia de Campos à margem da conferência "Sofrimento e Cuidados Paliativos" que decorreu hoje na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.
Correia de Campos disse que "é errado neste pessoas recorrerem já às farmácias " e admitiu "que na pior das hipóteses a gripe das aves só chegará a Portugal daqui por um ano".
Segundo Correia de Campos no segundo semestre deste ano chegará ao país novas remessas de vacinas contra a gripe das aves.
"Não estamos menosprezar os riscos, estamos a encará-los estamos a fazer tudo é necessário fazer, temos a informação toda recolhida, todos os planos de contingência preparados e todos os recursos em alerta ", assegurou o ministro.
Correia de Campos disse ainda que todos os países devem fazer esforços para a localização/focalização de um eventual problema e reduzi-lo onde aparecer, além de fazer circular informação antecipadamente.
Antiviral só no segundo semestre de 2006
E não há hipótese de o Oseltamivir, considerado o mais eficaz contra a gripe das aves, chegar mais cedo, nem ser pedido outro medicamento.
Antigo ministro não encomendou antes, porque ainda não havia informação suficiente.
Antiviral vai proteger 25 por cento da população portuguesa
O ministro da Saúde revelou esta terça-feira que o seu antecessor, Luís Filipe Pereira, declinou a oferta da compra do medicamento Oseltamivir, mundialmente recomendado como o mais eficaz no caso de uma pandemia pelo vírus da gripe das aves.
Correia de Campos falava numa encontro com a comunicação social, no qual explicou que o governo português, tal como os outros países, continua a confiar nos efeitos deste medicamento que, aliás, já foi encomendado para uma reserva estratégica nacional com capacidade para proteger 25 por cento da população portuguesa.
A primeira fase de abastecimento deste medicamento deverá chegar a Portugal no segundo semestre de 2006.
Questionado sobre esta data, o ministro da Saúde disse que não poderá ser antecipada porque o seu antecessor no governo social-democrata de Santana Lopes, Luís Filipe Pereira, recusou a compra do Oseltamilvir no início deste ano.
No entanto, Correia de Campos esclareceu que a recusa do seu antecessor foi feita num contexto diferente do actual, quando ainda não era tão iminente uma pandemia da gripe das aves, «e a informação que havia não era suficiente» para tomar a decisão.
«Não blasfememos contra a anterior gestão», disse o ministro da Saúde, lembrando os elevados custos de uma aquisição como a que o Estado português fez com o Oseltamivir.
Em relação a esta matéria, Correia de Campos adiantou que não está prevista a aquisição oficial de um outro medicamento, indicado por um estudo da revista cientifica «Nature» como mais eficaz para uma estirpe do H5N1.
O ministro esclareceu que a alegada resistência do H5N1 ao Oseltamivir já tinha sido equacionada e está a ser devidamente seguida pela comunidade científica internacional.
O ministro garantiu que o Oseltamivir continua a ser o mais eficaz e que Portugal foi um dos primeiros países europeus a tomar as medidas de alerta contra o vírus da gripe das aves, mundialmente definidas.
Portugal com antivirais para grupos de risco
Portugal tem um stock de medicamentos antivirais contra a gripe das aves suficiente para as necessidades dos grupos de risco mas abaixo das quantidades recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), segundo o secretário de estado do Desenvolvimento Rural.
"Neste momento temos uma cobertura de cerca de cinco por cento da população e isso ultrapassa largamente o que é necessário para dar resposta aos grupos de risco", disse Rui Nobre Gonçalves hoje no final de uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos 25, no Luxemburgo.
Contudo, a OMS recomenda que os países tenham em stock doses anti-virais suficientes para 25 por cento da sua população, quantidade de que nenhum país dispõe, apesar das encomendas feitas.
"A solicitação que fizemos à indústria farmacêutica ainda não foi respondida. É um problema que não é só de Portugal", sublinhou Rui Nobre Gonçalves.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE concluíram na reunião de hoje que o surto de gripe das aves que passou da Ásia para a Europa "constitui uma ameaça à escala mundial" que requer "uma resposta internacional coordenada".
Nesse caso, consideram os chefes da diplomacia europeia, a gripe das aves requer "uma reacção internacional coordenada".
Segundo o secretário de Estado do Desenvolvimento Rural, se houver um foco de gripe das aves em Portugal há que proteger primeiro quem está "na linha da frente das preocupações", que é o pessoal dos grupos de risco: trabalhadores dos matadouros, aviários e o pessoal da saúde, entre outros.
Nobre Gonçalves sossegou aqueles que estão mais preocupados com o problema, sublinhando que no passado outros países resolveram problemas de focos de doenças semelhantes com os mecanismos que estão a ser aplicados e coordenados a nível europeu.
O governante deu o exemplo da Holanda, onde em 2003 foram isoladas e mortas 30 mil aves.
O vírus da gripe das aves entrou segunda-feira no espaço da União Europeia ao ter sido confirmado um caso na Grécia, depois de análises feitas a perus da ilha de Hios, no sudeste do país, próximo da costa da Turquia.
A União Europeia já tomou uma série de medidas, com a Comissão Europeia a proibir na semana passada as importações de aves vivas e produtos preparados a partir da carne destas provenientes da Turquia (10 de Outubro) e da Roménia (13 de Outubro).
As medidas de prevenção foram reforçadas sexta-feira passada para se reduzir o risco de contágio em aviários por aves migratórias.
Aves vivas proibidas no mercado do Bolhão
O mercado do Bolhão, no Porto, não vendeu, ontem, quaisquer aves vivas, conforme ordem da Câmara Municipal, que pretendeu, assim, prevenir contra a gripe das aves.
Mas o mercado do Bolhão foi o único local da Invicta onde não de puderam vender aves vivas, sendo isso justificado pela falta de condições de confinamento para os animais e pela falta de desinfecção adequada.
Já a feira dos passarinhos e outras lojas puderam continuar a vender aves vivas, aumentando apenas a vigilância, informação e higiene dos espaços.
O vereador Fernando Albuquerque disse que não se pretende lançar alarmismos, «mas sim conhecer todas as situações para estarmos prevenidos, no caso de enfrentarmos uma situação mais complexa de gripe das aves».
DGRF preocupada com aves migratórias
A Direcção-Geral dos Recursos Florestas (DGRF) pediu parecer à Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves sobre as consequências da chegada de aves migratórias a Portugal infectadas com o vírus da gripe das aves.
O director dos serviços de caça e pesca em águas interiores da DGRF, Alberto Cavaco, adiantou que o parecer foi solicitado para que a direcção-geral possa opinar esclarecidamente sobre uma eventual proibição da caça de aves aquáticas, muito embora essa medida esteja afastada de momento.
Alberto Cavaco declarou que os caçadores «têm sido um precioso auxiliar na detecção de animais mortos». A proibição da caça não está equacionada, porque se sabe que Portugal não se encontra na rota das aves migratórias que terão levado a gripe das aves para a Turquia e para a Roménia.
«A monitorização das espécies vai permitir saber se a doença se está a transmitir das aves selvagens para as domésticas e se as aves cinegéticas estão a ser afectadas», concluiu o responsável.
Comissão para acompanhamento da Gripe Aviária ainda não presta informações
A Comissão para Acompanhamento da Gripe Aviária foi criada pelo Governo para informar o público sobre a doença, mas, até agora, não circula qualquer informação através do organismo.
A primeira reunião da comissão só deverá acontecer no final desta semana, pelo que são ainda as diferentes entidades responsáveis quem presta esclarecimentos sobre a gripe das aves.
Contudo, o porta-voz do Ministério da Agricultura já disse que «todas as informações e decisões que digam respeito à gripe das aves cabem, a partir de agora, à Comissão de Acompanhamento».
Apesar disso, entidades como a Direcção-Geral de Recursos Florestais continuam sem conhecer a forma como irão colaborar com aquela comissão.
Fonte: DN, JN, PortugalDiário, Confagri