Alentejo: comedouros tapados como prevenção. Uma exploração alentejana de avestruzes, em Portel, já tapou os comedouros das aves antes da chegada de aves migratórias à região, como medida de prevenção contra a gripe das aves.
O alimento das aves criadas em cativeiro atrai, todos os anos, espécies selvagens para a propriedade.
Por isso, foi decidido que se seguiriam impecavelmente as instruções da Direcção Regional de Agricultura do Alentejo e da divisão de Intervenção Veterinária.
Além de tapar os comedouros, a exploração está a proceder também à recolha de fezes das aves para entrega no Laboratório Nacional de Investigação Veterinária.
Até ao final de Outubro, todas as explorações alentejanas deverão fazê-lo.
Algarve recolhe amostras de sangue para análise
A Direcção Regional de Agricultura do Algarve está a recolher amostras de sangue de todas as aves da região – desde as exóticas às que são mantidas em cativeiro.
O objectivo é garantir a prevenção contra a gripe das aves.
O subdirector regional de Agricultura, Carlos Rego, garantiu que, neste momento, não causa para preocupações, até porque o Algarve «não está na rota das aves migratórias do Leste europeu».
De qualquer forma, «as autoridades sanitárias veterinárias têm que estar atentas e em alerta».
O presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve, Rui Lourenço, desdramatizou a questão da gripe das aves, considerando que se trata de um «problema do foro veterinário, pelo que nada justifica, por enquanto, a implementação de um plano de contingência regional».
O responsável remeteu os cidadãos com dúvidas sobre a questão para a página da Internet da instituição, que «explica bem os diversos tipos de gripe existentes».
Especialista defende interdição de feiras de aves ao ar livre
O especialista da Ordem dos Veterinários António Carlos de Menezes defendeu a interdição das feiras de aves ao ar livre, apelando a que Governo mostre essa «coragem política».
É que todos os surtos de gripe das aves começam precisamente pelas feiras, pelo que «as vantagens para todos compensariam largamento o incómodo para alguns».
António Carlos de Menezes defendeu, ainda, a proibição da importação de aves das zonas afectadas pelo vírus e a monitorização de áreas de risco, como lagoas, barragens e estuários.
É que é entre Outubro e Março que as aves selvagens fazem os seus percurso migratórios e é também a época de temperaturas baixas, que favorecem o vírus.
O secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e das Florestas, Rui Nobre Gonçalves, admitiu já a eventual proibição das feiras e mercados, mas só quando «a gravidade da situação o impuser». Para já, essa medida não é uma prioridade.
SEPNA sem orientações para agir com animais suspeitos
O Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da GNR ainda não recebeu orientações sobre os procedimentos a adoptar no caso de detecção de animais suspeitos. Já foi solicitada, por isso, uma reunião com as direcções gerais de Saúde e Veterinária.
A GNR encontra animais selvagens por todo o país e muitos deles estão feridos ou mortos. O problema «está no facto de não sabermos de onde vêm.Logo, o risco é maior.Agora que os fluxos migratórios das aves vão começar, é importante saber que medidas de prevenção devem ser tomadas nestes casos».
Sabe-se que a grande maioria das aves que entram ilegalmente em Portugal provêm da América do Sul, pelo que a gripe das aves não deverá chegar ao país por este meio.
Mas a GNR sabe que a probabilidade de uma ave contaminada cair no nosso território não é nula e «quer estar preparada para qualquer eventualidade».
Portugal na rota da gripe das aves
A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves alertou para o facto de Portugal estar, agora, na rota de aves migratórias eventualmente contaminadas com a gripe das aves.
A Rússia detectou o vírus perto de Moscovo, numa região próxima de onde estão de momento aves que deverão passar por Portugal, a caminho de África.
De acordo com o biólogo Domingos Leitão, as aves deverão passar pelo nosso país dentro de duas semanas, através da rota migratória do Atlântico Leste.
O especialista solicitou mais atenção às autoridades nacionais.
Santarém e Leiria já se previnem
As explorações avícolas de Santarém e Leiria já começaram a tomar precauções contra a gripe das aves.
Algumas empresas obrigam já os funcionários a usar máscaras, luvas e roupa de protecção.
As mesmas explorações vão proceder também à vacinação dos funcionários contra a gripe comum.
Nas propriedades em si, foi reforçada a vigilância do estado das redes para evitar o contacto das aves domésticas com animais selvagens.
Também os animais roedores estão a ser impedidos de penetrar as instalações das explorações.
Produtores apelam ao governo para tranquilizar consumidores
A empresa líder nacional na produção de aves apelou hoje ao governo para que tranquilize os consumidores, explicando que a carne de aves não traz riscos para a saúde.
"Nos últimos dias criou-se infundadamente um clima de intranquilidade que afecta muitos portugueses e como não há qualquer razão objectiva para se reduzir o consumo de carne de aves, os avicultores apelam às entidades governamentais para explicarem publicamente que não há riscos para a saúde", afirmou Manuel Chaveiro Soares, administrador do grupo Valouro.
Em comunicado divulgado hoje, o Ministério da Agricultura esclarece que o vírus da gripe das aves "não se transmite por via alimentar" e garante que é seguro o consumo de carne de aves.
O ministério adianta ainda que na sequência da reunião do comité permanente da cadeia alimentar e saúde animal, que teve lugar em Bruxelas a 25 de Agosto, a Direcção-Geral de Veterinária divulgou as medidas tomadas para prevenir um surto de gripe das aves, nomeadamente através da intensificação dos planos de vigilância e do aumento do controlo de fronteiras.
Segundo aquele responsável do grupo produtor de aves, com sede na região Oeste, esta semana têm-se verificado "uma grande intranquilidade que está a levar os consumidores a reduzirem o consumo".
Escusando-se para já a avançar com dados concretos sobre a quebra no consumo, Chaveiro Soares frisou que "a verdade é que se pode consumir carne de aves sem qualquer risco para a saúde".
"Noutros países comunitários, como na vizinha Espanha, esta missão de explicar a verdade aos consumidores tem sido desempenhada pela responsável governamental pela saúde pública", exemplificou.
Chaveiro Soares assinalou ainda que os produtores de aves apoiam o acordo dos 25 países da União Europeia em tomar medidas "conducentes ao confinamento das aves domésticas de forma a impedir o contacto com aves migratórias ou outras aves silvestres, e de vacinar as aves dos jardins zoológicos".
Segundo informações do Ministério da Agricultura, no passado dia 13, o sistema de vigilância da gripe das aves realizou, desde o início do ano, 1.800 análises em explorações avícolas portuguesas, as quais obtiveram resultado negativo.
Desde o início do ano e perante a ameaça do vírus da gripe das aves, a Direcção-Geral de Veterinária aumentou ligeiramente o número de análises feitas às explorações agrícolas.
Ministros da saúde dos 25 admitem stocks europeus de antivirais
Os ministros da Saúde da UE discutiram ontem na Grã-Bretanha a possibilidade de constituir stocks "estratégicos" de antivirais para enfrentar uma eventual pandemia da gripe das aves, revelaram fontes oficiais.
"Foi uma discussão informal, não foi tomada qualquer decisão", declarou a Ministra da Saúde britânica, Patrícia Hewitt, cujo país assegura até ao fim do ano a presidência rotativa da União Europeia.
O comissário europeu para a Saúde, "Markos Kyprianou fez esta proposta. Foi objecto de um consenso. Não vi reacções negativas, mas ainda não tivemos voto formal", explicou, por seu lado, o ministro da Saúde francês, Xavier Bertrand, aos jornalistas.
"Devemos constituir stocks para poder intervir em países que não tenham os stocks suficientes e para intervir no exterior das fronteiras da UE", precisou Bertrand.
Uma decisão deverá ser submetida a aprovação do conselho de ministros europeus da Saúde a 08 e 09 de Dezembro próximos.
Todavia, os ministros esforçaram-se por tranquilizar, lembrando que a gripe das aves é uma doença que diz respeito aos animais e que o vírus não se transmite actualmente entre humanos.
"Devemos preparar-nos para uma pandemia, mas não é o que estamos a fazer agora", declarou Patrícia Hewitt.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) "insistiu e sustentou perante nós que o risco para a população na Europa é muito fraco", declarou Hewitt.
Margaret Chan, vice-directora geral da OMS, fez o ponto da situação perante os ministros, reunidos no Hertfordshire (noroeste de Londres).
"Estamos numa só lógica, a do princípio de precaução", confirmou o ministro francês durante uma conferência de imprensa separada.
Enquanto isto, os 25 acordaram ontem em Bruxelas proibir a concentração de aves em feiras, mercados ou exposições e vacinar os pássaros nos zoológicos, para evitar a propagação da gripe das aves.
Por sua vez, a Comissão Europeia decidiu formalmente ontem proibir as importações de pássaros de companhia e das penas provenientes das regiões russas, onde foi detectado um novo foco da gripe das aves.
"Os únicos locais onde o embargo não se aplicará são Kalininegrado (enclave russo na UE) e regiões com fronteira com a Finlândia", precisa a Comissão num comunicado.
Válida durante seis meses, esta medida estende a decisão do embargo tomado a 08 de Setembro contra a Sibéria, a leste dos Urais, onde foi descoberto em Julho do vírus H5N1 da gripe das aves, que fez cerca de 60 mortos na Ásia desde 2003.
Esta semana foram descobertos novos casos da gripe das aves na região de Toula, a cerca de 300 quilómetros a sul de Moscovo.
Segundo os peritos, o vírus foi provavelmente introduzido na Rússia por pássaros migradores vindos das regiões fronteiriças chinesas onde a sua presença foi assinalada.
UE vai iniciar desenvolvimento de vacina
A União Europeia (UE) vai iniciar esforços para o desenvolvimento de uma vacina contra o vírus responsável pela gripe das aves, projecto no qual Portugal vai colaborar, disse ontem o ministro da Saúde.
"Portugal tem capacidade excedentária de bons técnicos e condições para colaborar no desenvolvimento de uma vacina", explicitou o ministro da Saúde, António Correia de Campos, após uma reunião informal de ministros da Saúde da União Europeia para debater o estado de preparação dos 25 face à gripe das aves.
A recomendação para os Estados-membros investirem no desenvolvimento de uma vacina contra esta infecção resultou do encontro de ontem, que decorreu em Hertfordshire, próximo de Londres, tendo Correia de Campos explicitado que a participação portuguesa pode envolver os departamentos de biologia molecular e virologia de várias instituições nacionais.
O ministro da Saúde salientou também que o país "tem muitas fábricas novas, que podem responder perfeitamente" à produção de uma vacina.
Questionado se haveria já acordos nesse sentido com as empresas farmacêuticas localizadas em Portugal, Correia de Campos afirmou não poder ainda fornecer essa informação, mas que tem "bons sinais nesse sentido".
O ministro da Saúde adiantou também que, entre o momento de identificação de uma estirpe do vírus da gripe avícola que seja transmissível entre humanos (o que ainda não foi detectado) e o fabrico de uma vacina decorrem, em média, cerca de seis meses, mas que entretanto "pode começar-se a aquecer os motores [ao nível da investigação] com o actual vírus aviário".
O vírus da gripe das aves H5N1 - envolvido nas infecções detectadas até à data no continente asiático, Rússia ocidental, Turquia e Roménia - é transmissível entre as aves e, em algumas circunstâncias, entre estas e o seu humano.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou já para a possibilidade de uma eventual mutação do vírus, que o torne susceptível à transmissão entre humanos, o que poderia significar uma pandemia a nível mundial.
Este cenário "é completamente distinto da gripe sazonal, que ocorre todos os anos, e cuja vacinação de grupos de risco é recomendada pela OMS", clarificou o ministro da Saúde.
Correia de Campos acentuou que o encontro entre os ministros da Saúde da UE decorreu num ambiente de "tranquilidade" e "muito optimista", e que as declarações dos responsáveis "não foram meramente diplomáticas, mas muito substantivas e com ofertas de cooperação".
A cooperação internacional entre os vários Estados-membros e a necessidade de coordenação e de comunicação "de forma clara e completa" foram também realçadas pelos vários responsáveis governamentais durante o encontro, adiantou Correia de Campos.
"A coordenação é absolutamente essencial", enfatizou o ministro da Saúde, dando conta de que surgiram no encontro "críticas à descoordenação comunicacional, quer da parte de países isoladamente, quer da parte de organismos internacionais", que ocorreram na última semana.
António Correia de Campos explicitou também que o plano de contingência português face à eventualidade de a infecção se tornar transmissível a humanos e atingir Portugal tem estado a ser "regularmente adaptado" e que a Direcção-Geral de Saúde "deve terminar por estes dias" a última revisão.
Morte de aves na Macedónia atribuída à Doença de Newcastle
A morte de aves detectada na Macedónia deveu-se, conforme resultados de análises científicas, à doença de Newcastle e não à gripe das aves. Foram abatidas cinco mil aves.
As autoridades já decretaram a vacinação contra a doença de Newcastle em todo o país e garantiram que, mesmo assim, foram realizadas provas de detecção de anticorpos contra a gripe das aves.
Uma das amostras terá reagido positivamente aos testes.
As amostras vão seguir para os laboratórios da Organização Mundial de Sanidade Animal para confirmação dos resultados.
Austrália proíbe importação de aves do Canadá
O Governo australiano anunciou a proibição da importação de aves do Canadá após detectar anticorpos da gripe das aves, do tipo H7, em vários pombos provenientes desse país. John Howard, o primeiro-ministro australiano, pediu calma à população e afirmou que já foram tomadas «todas as medidas preventivas possíveis».
Guiné-Bissau analisa suspensão de importações de carne da Europa
O governo da Guiné-Bissau admitiu hoje como "provável" a suspensão das importações de aves e rações animais da Europa para evitar que a epidemia da chamada "Gripe das Aves" chegue ao país, onde não há qualquer registo de casos.
Em declarações aos jornalistas, o ministro dos Negócios Estrangeiros guineense, Soares Sambu, indicou que o governo está atento à situação, tendo já criado uma comissão para analisar a questão, chefiada pelo titular da pasta da Agricultura, João de Carvalho.
A comissão está na fase final dos estudos e deverá apresentar as respectivas conclusões na próxima segunda-feira, assegurou Soares Sambu, lembrando que a Guiné-Bissau importa da Europa sobretudo frangos congelados e vísceras, bem como rações animais.
"Mas não há nenhum registo de um único caso no país", garantiu, admitindo, porém, que as condições de higiene nos mercados do país "estão longe das desejáveis", pelo que o governo vai, também em breve, anunciar medidas para garantir a boa qualidade da saúde pública.
No entanto, acrescentou, a grande maioria das importações de carne provém da América do Sul, sobretudo da Argentina e do Brasil, pelo que, a confirmar-se uma eventual suspensão das importações europeias, tal não afectará significativamente os mercados do país.
Fonte: Confagri, PortugalDiário, Diário de Notícias