Ministro da Agricultura alerta contra perigo do alarmismo
O ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas alertou sexta-feira para o perigo do alarmismo em relação à gripe das aves, sublinhando que "não há perigo de saúde pública" em Portugal.
Jaime Silve defendeu que o debate sobre a gripe das aves tem de ser sempre baseado em informações científicas, pois é o tipo de abordagem a este tema que está a provocar problemas e alarmismos.
"Não existe nenhum foco em Portugal. Há apenas um risco, por isso adoptam-se medidas de precaução", como a decisão de proibir a venda de aves em pontos comerciais ao ar livre.
"Nós não proibimos a venda de carne de frango", frisou o responsável, recordando que, em caso de detectar-se um foco de gripe de aves em Portugal, a União Europeia já garantiu ajuda para 50 por cento das despesas efectuadas com o sequestro, o abate das aves ou a vacinação.
"Frango da Guia" ressente-se da gripe das aves
A comercialização do famoso “Frango da Guia” já começou a sentir os primeiros efeitos do alarmismo que se tem gerado em volta da gripe das aves. Num restaurante da especialidade as duas caixas que antes de escoavam em menos de dois dias já não se vendem em quatro.
Na freguesia da Guia, no concelho de Albufeira, a gripe das aves já afastou muita clientela dos restaurantes, apesar da doença não ser transmissível através de carne de aves cozinhada.
Os proprietários queixam-se de prejuízos e admitem mesmo baixar os preços para atraírem de novo os clientes.
O proprietário de um restaurante disse que se nota uma quebra que ainda não é muito acentuada, mas que já deixa bastante preocupação com o futuro. O responsável lamentou a falta de informação, que considera ser a origem de um excessivo alarme social.
Tradição ou medo da gripe das aves ditarão sorte do perú no Natal
Mais de 300 mil perus são consumidos em Portugal no Natal, mas o receio da gripe das aves pode alterar as ementas da Consoada, para desespero dos produtores que confiam na tradição para manterem o negócio.
Até agora, os portugueses têm revelado alguma fidelidade à carne de peru, ao contrário dos frangos e galinhas, cujo consumo diminuiu mais de metade nos últimos tempos devido ao receio dos consumidores contraírem o vírus da gripe das aves.
São consumidas diariamente mais de 300 mil aves em Portugal. Um valor que desceu para metade desde que o receio da gripe das aves começou a alastrar um pouco por todo o mundo.
Não suscitam dúvidas da qualidade das aves que se comercializam em Portugal e há garantias que as mesmas são objecto de um intenso controlo de qualidade. Além disso, o vírus não se propaga através da ingestão da carne e ovos, conforme esclareceram as autoridades mundiais.
Apesar dos sucessivos esclarecimentos e de Portugal não ter registado qualquer caso de gripe das aves em animais, os portugueses alteraram a sua dieta, reduzindo a presença de frangos e galinhas nos pratos que confeccionam.
A situação é de tal modo preocupante para os produtores que considera-se mesmo provável o encerramento de algumas empresas. Por agora, a redução do consumo tem atingido mais os frangos e as galinhas, mantendo o peru nas ementas dos portugueses.
Segundo uma empresa do sector agro-pecuário líder na produção de codornizes e uma das maiores produtoras de frangos e perus em Portugal, o peru já há anos que faz parte das dietas dos portugueses.
Este consumo dispara na altura do Natal, quadruplicando as vendas desta ave que chegam a atingir as 300 mil unidades comercializadas numa só semana.
Eterno rival do bacalhau na Consoada, o peru é cada vez mais apreciado pelos portugueses durante a época natalícia.
As vendas de peru têm-se mantido estáveis ao contrário do que acontece com os frangos e as galinhas acredita-se que o lugar que o peru ocupa no Natal dos portugueses irá manter-se e, simultaneamente, as vendas desta ave.
Linha de atendimento criada para esclarecer dúvidas
O Ministério da Agricultura do Desenvolvimento Rural e das Pescas criou um Centro Nacional de Emergência da Gripe Aviária que através de uma linha telefónica gratuita presta esclarecimentos ao público em geral, foi hoje divulgado.
Em comunicado, o ministério adianta que através do número verde 800 207 275 qualquer pessoa com dúvidas sobre a gripe das aves poderá obter informações.
Este centro, a funcionar há cerca de uma semana, presta esclarecimentos de segunda-feira a domingo entre as 08:00 e as 20:00.
Paralelamente foi criado um site na Internet clique aqui que contem todas as informações e esclarecimentos divulgados pelo Ministério da Agricultura, pela Direcção-Geral de Veterinária e pela Comissão de Acompanhamento da Gripe das Aves.
Turquia proíbe importação de aves da Grécia, Roménia e Irão
A Turquia proibiu a importação de aves de criação e de derivados provenientes da Grécia, Roménia e Irão, como medida de precaução contra a gripe das aves, afirmou quinta-feira o porta-voz do ministério turco da Agricultura, Faruk Demirel.
A própria Turquia foi afectada pela doença mas as autoridades afirmam que o vírus H5N1, que causou a morte de 60 pessoas na Ásia, foi circunscrito na herdade no noroeste do país, onde foi detectado no início do mês.
"As interdições das importações são anunciadas de acordo com regras internacionais. Faz parte de um procedimento normal", declarou Demirel.
A presença do vírus H5N1 foi confirmada na Roménia. No entanto, embora os testes realizados sobre um caso suspeito na Grécia, país que faz fronteira com a Turquia, tenham sido até agora negativos, a União Europeia apela à manutenção de medidas de precaução até à confirmação desses resultados.
As autoridades iranianas afirmaram que a morte recente de 5.000 aves migratórias no seu território não está relacionada com a gripe das aves, mas Demirel estima que "existe uma forte suspeita" relativamente à presença da doença no Irão, que também tem fronteira com a Turquia.
Oseltamivir eficaz se administrado nas primeiras 48 Horas
A contracção do vírus da gripe das aves por humanos, quando ocorre, pode ser confirmada laboratorialmente no prazo de seis a sete horas, devendo o Oseltamivir ser administrado nas 48 horas seguintes para ser eficaz.
A Direcção-Geral de Saúde revelou que este medicamente tem sido eficaz em 90 por cento dos casos e existe já um outro medicamento para combater a doença. Sem a administração destas substâncias, a morte pode ocorrer num prazo de oito a 23 dias.
A Organização Mundial de Saúde publicou um relatório sobre as descobertas feitas até ao momento sobre a gripe das aves em humanos. Ainda não estão claras as formas de transmissão do vírus, mas os cientistas calculam que o contágio advenha do contacto com penas, fezes ou sangue de aves.
A contaminação ambiental ainda não foi posta de lado e a Organização Mundial de Saúde avançou também a possibilidade do vírus poder ser transmitido através da água.
Veterinários dizem que vacinação na Europa é injustificada
A vacinação de animais contra a gripe das aves justifica-se apenas em países onde a doença existe sob a forma pandémica e de modo nenhum actualmente na Europa, consideraram veterinários reunidos num congresso em Versalhes (França).
"A vacinação só é recomendada quando a doença é endémica, quando o vírus circula", como acontece no sudeste asiático, sublinhou o director adjunto do Gabinete Internacional das Epizootias (OIE), a organização mundial da saúde animal, Jean-Luc Angot.
Nesse sentido, a Conferência Internacional de Kuala Lumpur organizada em Julho pela OIE, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO) recomendou "uma campanha geral de vacinação" perante a ameaça de gripe das aves "nas zonas de alto risco", em especial na Tailândia e Vietname.
O preço da vacinação na Ásia, onde uma dose de vacina custa 40 cêntimos, foi estimado em 60 milhões de dólares, precisou Angot, lembrando que o conjunto de medidas a tomar contra a doença naquela região (vacinação, indemnização, financiamento de veterinários) custará 170 milhões de dólares.
Mas na Europa, "a vacina não está de modo nenhum na ordem do dia", afirmou.
No continente europeu só apareceram alguns casos de infecção de aves pelo vírus H5N1, nomeadamente na Rússia, Roménia, Croácia e Turquia. Neste último país, as autoridades deverão levantar este fim-de-semana a quarentena que impuseram em redor do foco descoberto no princípio de Outubro.
Na perspectiva de Jean-Luc Angot, "quando o vírus não circula e a doença aparece, mais vale aplicar medidas de abate sanitário e de polícia sanitária em volta dos focos".
Na Europa, "trata-se de uma pseudo-crise", afirmou por seu lado Remi Gellé, presidente do Sindicato Nacional dos Veterinários de Exercício Liberal de França (SNVEL), acrescentando que "é antes de mais um problema de saúde animal".
Cientistas do Reino Unido querem criar frangos transgénicos
Uma equipa de cientistas do Reino Unido está a estudar um projecto para criar frangos geneticamente modificados com o objectivo de combater a gripe das aves.
Os investigadores pretendem produzir um frango imune ao letal vírus H5N1, responsável pela morte de milhões de aves em vários países do sudeste asiático.
Se a técnica funcionar, demorará vários anos até que se possa utilizar de forma a repor as populações de frangos normais nas granjas, já que requererá a aprovação dos organismos reguladores.
A equipa de investigadores, dirigida por Laurence Tiley, professor de virologia molecular da Universidade de Cambridge, e Helen Sang, do Instituto Roslin de Edimburgo, defende que repovoar as granjas com frangos transgénicos tornaria mais difícil a mutação do vírus para uma variante que se transmitisse entre humanos, o que a acontecer provocaria uma pandemia.
Os cientistas já comprovaram que as células dos frangos podem resistir à doença através da inserção de pequenos segmentos de material genético, e pretendem agora utilizar o mesmo procedimento com ovos.
Segundo Laurence Tiley, "desenvolver um frango resistente à gripe das aves traz claros benefícios para a saúde animal e humana".
Desde 2003, o vírus H5N1 já matou cerca de 60 pessoas.
Especialistas dizem que é preciso evitar epidemia entre as aves
A conferência de peritos do Fórum Ásia-Pacífico (APEC) terminou ontem em Brisbane, Austrália, com a mensagem de que se deve actuar de imediato para evitar uma epidemia global de gripe entre as aves.
Para além disso, consideram os especialistas, é necessário estar preparado para a possibilidade de uma mutação no vírus da Gripe das Aves que o transforme em transmissível pela cadeia humana, provocando uma pandemia, mas a grande prioridade vai para evitar o alastramento da doença às aves.
A Gripe das Aves "já está a ter impacto na indústria avícola e na indústria turística", afirmou em conferência de imprensa Doug Chester, embaixador australiano junto da APEC, que referiu que as consequências económicas de uma pandemia "seriam enormes".
Subhash Morzaria, principal assessor técnico da Organização das Nações Uni das para a Agricultura e a Alimentação (FAO), indicou que vão ser necessários 10 2 milhões de dólares (85 milhões de euros) para fazer frente a uma epidemia das aves no sudeste asiático e mais 75 milhões de dólares (62,6 milhões de euros) se a gripe vier a infectar as aves no continente africano.
Entretanto, em Banguecoque, as autoridades tailandesas anunciaram a existência de um novo foco de Gripe das Aves numa província situada a noroeste da capital.
Naquele local foram encontradas quatro aves mortas, estando a decorrer as análises para determinar se estavam contaminadas com o vírus H5N1.
As autoridades sanitárias tailandesas mantêm sob vigilância sete pessoas ligadas a uma mulher de 50 anos infectada com aquele vírus quando limpava um pátio onde cresciam galinhas.
A mulher, o 20º caso humano de Gripe das Aves na Tailândia, foi hospitalizada em Banguecoque.
Técnica pode acelerar vacina
Investigadores da Universidade Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, e da Universidade de Tóquio, no Japão, afirmam que, actualmente, o desenvolvimento e fabrico de uma vacina para combater a gripe das aves pode demorar mais de seis meses.
Porém, recorrendo a uma técnica genética aprimorada esse tempo pode ser reduzido a três meses.
O trabalho consiste em reduzir o número de moléculas, os plasmídeos, necessários para conduzir os genes virais para as células de rins de macacos, onde a vacina será fabricada.
«Reduzindo o número de plasmídeos necessários, aumentamos a eficiência da produção do vírus», disse um dos líderes da pesquisa, o cientista Yoshihiro Kawaoka.
Fonte: Confagri, PortugalDiário, JN, The Times