Os pais dos alunos da EB1 n.º 31 do Lumiar (Lisboa) acusam a empresa de catering de fornecer à escola refeições que têm provocado náuseas, vómitos e diarreia às crianças.
Na passada semana, uma criança de dez anos esteve internada quatro dias no Hospital de Santa Maria, com intoxicação alimentar. “Teve febres altíssimas e a culpa foi do bacalhau com natas que comeu aqui”, acusa Sílvia Pais, mãe de Diogo.
Mais sorte teve João Cardoso, de oito anos. Passou o fim-de-semana com “diarreia, dores de cabeça e fartou-se de vomitar”, conta a mãe, Cristina. Ontem foi-lhe diagnosticada uma gastroenterite. “Nunca tinha tido e só pode ser do que comeu na escola na sexta-feira.”
Marmita vai de casa
Muitos pais proibiram as crianças de comer na escola, optando por levar-lhes o almoço. É o caso de Ernesto Pereira, que tem o filho no 3.º ano. “Quando comecei a saber dos problemas, proibi o meu filho de comer lá, passou a levar o almoço de casa.”
Os alunos são os primeiros a queixarem-se da comida. “Não gosto, sabe mal, o puré na semana passada era castanho”, diz Diogo Silva, do 4.º ano. A refeição preparada para ontem – frango corado, massa espiral tricolor e macedónia cozida – foi confeccionada na sexta-feira.
A empresa de catering explica que as refeições “são confeccionadas de uma forma normal, sendo utilizado para a sua conservação até à sua distribuição o sistema de pasteurização”, o que não implica “qualquer aditivo ou conservante”.
Foram recepcionadas três reclamações, relacionadas com o paladar das refeições. A empresa está a programar acções de “informação e esclarecimento, tanto em conjunto com a CML como directamente com as escolas e Associações de Pais”.
Relação “não provada”
Segundo a Câmara Municipal de Lisboa, os problemas na escola n.º 31 “são os únicos num universo de 21 escolas e 2667 refeições que a empresa serve diariamente em Lisboa”, explica fonte da presidência.
A CML teve conhecimento do internamento de um aluno, “mas não ficou provada a relação com o que comeu nesse dia”.
Apesar de serem realizadas análises bacteriológicas às refeições pela autarquia e pela empresa de catering, a CML solicitou à empresa as análises da semana passada.
Os pais que suspeitem que a comida servida nas escolas é a causa de problemas intestinais devem levar as crianças aos hospitais. Só a realização de exames hospitalares permitirá conhecer a fonte da contaminação e servir de prova.
Cantinas são más
Falta de higiene, problemas no armazenamento e distribuição de refeições – estas foram algumas das falhas encontradas pelo Centro de Segurança Alimentar e Nutrição do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, numa análise a 158 jardins-de-infância e escolas do 1.º Ciclo da Grande Lisboa.
Fonte: Correio da Manhã