Código de boas práticas para aumentar o controlo no fabrico de alimentos e diminuir o risco de contaminações lançado hoje em Bruxelas.
Os fabricantes europeus de rações animais lançaram hoje em Bruxelas um código de boas práticas para aumentar o controlo no fabrico de alimentos e diminuir o risco de contaminações, como a doença das "vacas loucas", que atingiu Portugal.
O Código Europeu dos Fabricantes de Alimentos Compostos para Animais pretende pôr em prática um plano de controlo que englobe todas as etapas de fabrico, desde a recepção das matérias-primas à distribuição das rações, visando minimizar os riscos de contaminação.
A alimentação animal esteve na origem de crises alimentares provocadas pela encefalopatia espongiforme bovina (BSE), através das farinhas animais, e pela presença de dioxinas nos alimentos, o que levou à desconfiança dos consumidores e consequente diminuição do consumo dos produtos animais.
"A indústria de rações quer reconquistar a confiança dos consumidores, depois dos incidentes que aconteceram no passado, pelo que tem que exercer boas práticas", explicou Martin Tielen, presidente da Federação Europeia de Fabricantes de Alimentos Compostos.
A aplicação do código, de carácter voluntário, pressupõe a certificação da empresa em causa, o que serve de estímulo para o seu cumprimento efectivo, cuja fiscalização será feita por um órgão independente, explicou Tielen, convencido de que o "mercado forçará as empresas a fazer parte dele e a implementá-lo".
Portugal, tal como 15 outros países europeus, dispõe de um código de boas práticas para a indústria de rações desde 2000, complementado agora pelo documento europeu, que harmoniza as regras já existentes.
"É um documento essencial, uma bíblia para os industriais de compostos animais, que dará maior responsabilidade no controlo de produção e das matérias-primas, obrigando as empresas portuguesas a exercer mais auto-controlo, de forma a que os consumidores sintam mais confiança", afirmou Alberto Campos, presidente da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais (IACA).
O objectivo é "ter a certeza" de que todos os consumidores podem ir ao supermercado em segurança, sem qualquer desconfiança", acrescentou.
Para o responsável, crises como a BSE ou os nitrofuranos, criaram na "indústria uma necessidade de se defender", mesmo que a responsabilidade seja das matérias-primas, que são importadas.
As 60 empresas portuguesas de rações produzem anualmente 4,5 milhões de toneladas de alimentos compostos para animais, fabricados com cereais e com soja, a maioria importados.
O código europeu, que define as regras para a análise de risco, traceabilidade, exigências em matéria de documentação, formação do pessoal, inspecções e práticas de higiene, encontra-se em avaliação pela Comissão Europeia, sendo esperado um parecer ainda este ano.
Fonte: Confagri e Lusa