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Contaminação da Água
2006-01-12

Dados do Instituto Regulador de Águas e Resíduos revelam contaminação pontualCerca de 60 mil portugueses bebem água com arsénio a mais.

Cerca de 60 mil portugueses consumiram água contaminada com doses excessivas de arsénio em 2004.

Este é um dos principais problemas que ressaltam dos dados de base do último relatório anual sobre a qualidade da água em Portugal, divulgado pelo Instituto de Regulador de Águas e Resíduos (IRAR) no final do ano passado.

De acordo com esses dados, a contaminação microbiológica da água, com bactérias passíveis de provocar doenças, ainda é uma questão presente em muitas pequenas localidades.

O problema do arsénio - uma substância tóxica e cancerígena - existe há anos em vários pontos do país. Mas só no final de 2004 emergiu perante a opinião pública, quando dois professores de Esposende divulgaram a situação da localidade de Valbom, no concelho de Vila Flor, cuja população bebeu água com doses elevadas de arsénio pelo menos entre 1996 e 2003.

Em 2004, o controlo sobre a contaminação foi mais apertado.

Aumentou ligeiramente o número de análises obrigatórias efectivamente realizadas.

Além disso, o limite máximo admissível de arsénio na água baixou de 50 para 10 microgramas por metro cúbico.

Dessa forma, 61.843 portugueses tiveram, nas suas torneiras, água que revelou excesso de arsénio em pelo menos metade das análises realizadas.

A maior parte destas pessoas (51.770) são abastecidas por sistemas onde todas as análises superaram o valor máximo de 10 microgramas por metro cúbico.

Valores elevados

As maiores concentrações de arsénio em 2004 foram observadas no concelho de Vila Flor, distrito de Bragança.

Na freguesia de Valbom, chegaram a 540 microgramas por metro cúbico - 54 vezes o valor legal. Em Benlhevai, o máximo foi 330 microgramas por metro cúbico.

O IRAR não conhece nenhum resultado, em 2005, que tenha superado o valor máximo para arsénio no concelho de Vila Flor.

Os dados de 2004 revelam, porém, contaminações elevadas na água noutros concelhos.

Das 29 análises realizadas ao arsénio no município de Ponte de Sôr, no alto Altentejo, 15 deram resultados superiores ao limite admissível - ou seja, pouco mais de metade.

Os valores chegaram a 15 vezes o valor máximo em Vale da Bica, no mesmo concelho.

Na própria vila de Ponte de Sôr, os resultados atingiram 76 microgramas por metro cúbico.

Em termos de população exposta, Alpiarça lidera a lista, com 6500 habitantes sujeitos a água com duas vezes a quantidade admissível de arsénio.

Mesmo em baixas concentrações, o arsénio pode ter efeitos na saúde (problemas dermatológicos e cancro de pele, bexiga, fígado e rins), se a água for continuamente consumida durante vários anos.

Nalguns pontos do país, a contaminação da água com arsénio é de origem natural.

Mas, segundo o IRAR, alguns produtos utilizados no tratamento da água podem, eles próprios, conter a substância.

Os dados da qualidade da água para 2004 revelam também que ainda há problemas de contaminação microbiológica em muitos pontos do país.

Cerca de 18 mil pessoas estiveram sujeitas a águas em que 100 por cento das análises revelaram a presença da bactéria E.coli, que provoca problemas no aparelho digestivo.

A aproximadamente 211 mil pessoas foi servida água com excesso de coliformes em mais da metade das análises.

Segundo o IRAR, isto não significa que estas pessoas estiveram a consumir água contaminada durante todo o ano - pois parte dos casos de poluição microbiológica tem a ver com falhas circunstanciais na desinfecção.

Nalguns casos, o problema pode ter a ver com a própria canalização doméstica.

Melhoria global

Os sistemas de gestão da água têm o dever de notificar as autoridades ambientais e sanitárias sempre que uma análise revela valores superiores aos limites legais.

Mas nem todos o fazem. "Embora tenha aumentado muito a notificação de incumprimentos, temos a noção de que está aquém do número real de casos", afirma Dulce Pássaro, vogal do IRAR.

De acordo com relatório do IRAR, apesar dos problemas com alguns parâmetros, o controlo da qualidade da água melhorou de 2003 para 2004, sobretudo porque o número de análises em falta diminiu.

Também os resultados foram globalmente melhores. De todas as análises feitas, 2,7 por cento revelaram contaminação excessiva de um ou outro parâmetro.

Sem contar com o pH, o indicador de acidez que até agora não era um parâmetro obrigatório, a taxa de incumprimento fica em 1,8 por cento, menos do que os 2,1 por cento de 2003.

Ainda assim, houve seis câmaras municipais que não enviaram dados sobre a qualidade da água que distribuem aos seus munícipes: Almeirim, Arruda dos Vinhos, Cuba, Meda, Sertã e Vila Nova de Foz Côa.

O IRAR, segundo Dulce Pássaro, vai iniciar um processo de admoestação a estas autarquias em falta.



Fonte: Público

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