Uma equipa do Instituto de Investigações Químicas e Ambientais do Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC) e do Instituto de Ciências Fotónicas, desenvolveram um biosensor capaz de detectar resíduos de hormonas anabolizantes ilegais de maneira mais eficaz, mais rápida e económica que os sistemas actuais.
O novo biosensor combina o uso de nanopartículas com biomoléculas.
O seu funcionamento baseia-se num fenómeno conhecido por PRP (Plasmon Resonant Particles).
Quando uma luz incide sobre nanopartículas de metais nobres , como ouro e prata, produz-se uma oscilação colectiva de electrões, que se traduz na emissão de luz por parte das nanopartículas numa determinada zona do espectro visível com um pico a uma determinada longitude de onda.
No caso destas nanopartículas, a cor da luz emitida depende do tamanho, forma e propriedades das nanopartículas.
A união de diferentes biomoléculas às nanopartículas implicará uma alteração nas propriedades desas nanopartículas, o que por sua vez se reflectirá na luz emitida.
Este fenómeno foi utilizado para detectar reacções de reconhecimento molecular, empregando bioreceptores, como neste caso, anticorpos especificamente preparados para reagir com o estanozolol.
O protótipo desenvolvido é constituído por uma superfície de óxido de silício sobra a qual se encontram imobilizadas e distribuídas de forma homogénea as nanopartículas de ouro, as quais por sua vez estão unidas a um bioconjugado derivado do estanozolol.
Para proceder à análise, recolhe-se uma gota da amostra, presumivelmente contaminada, e mistura-se previamente com um anti-corpo específico ( se na amostra existirem hormonas, estas unir-se-ão ao anticorpo) e deposita-se a mistura sobre a superfície do biosensor.
Se na amostra não existir estanozolol, o anti-corpo unir-se-à ao bioconjugado que está ligado às nanopartículas.
Se existir na amostra estanozolol, este irá unir-se previamente ao anti-corpo específico, impedindo que o anti-corpo se una ao bioconjugado.
O novo biosensor poderá detectar em 20 minutos concentrações de estanozolol na ordem dos 6 microgramas por litro, revelando-se mais rápido do que os actuais métodos de detecção baseados em técnicas cromatográficas, que necessitam de um ou dois dias para uma análise.
Os investigadores acreditam que o novo modelo poderia permitir o desenvolvimento de um dispositivo multianalítico, que facilitaria a detecção de diferentes substâncias de uso ilegal no âmbito dos sectores agroalimentar, médico e desportivo.
No sector agroalimentar, as hormonas anabolizantes administram-se de forma ilícita com o fim de aumentar a produção de carne, o que representa um risco grave para a saúde dos consumidores.
Tendo a UE proíbido o uso destas substâncias em animais destinados a consumo humano.
No sector desportivo este método poderá ser muito útil no controlo antidopping.
Fonte: Conselho Superior de Investigações Ciebntíficas