O coordenador das Nações Unidas para a Gripe das Aves, David Nabarro, admitiu ontem, em Bruxelas, que a Europa terá de "aumentar" os esforços, a longo prazo, nas medidas contra a propagação da doença.
"É justo dizer que, a longo prazo, a Comissão Europeia terá de aumentar o seu apoio e os seus compromissos" na luta contra a doença, afirmou o responsável, instado a comentar a medidas tomadas por Bruxelas contra o vírus H5N1 da gripe das aves.
David Nabarro elogiou, no entanto, o "importante papel" da Comissão Europeia na questão, quer em relação aos Estados-membros quer em relação a países terceiros, e as medidas tomadas a nível veterinário, mas não excluiu a necessidade de se tomarem mais acções face à propagação da doença.
"Do que mais precisamos não posso ainda dizer", acrescentou.
O responsável está em Bruxelas para se encontrar com representantes da Comissão Europeia e do Governo belga, seguindo-se uma reunião, na próxima semana, no Gabão, com representantes de 41 países africanos, bem como um périplo, em Abril, por vários países asiáticos, onde se registaram já vítimas humanas devido à gripe das aves.
Questionado sobre a possibilidade de uma pandemia na Europa, David Nabarro recusou-se a fazer previsões, salientando, no entanto, a importância de as pessoas estarem conscientes do risco.
"Quando se trabalha em saúde pública não há risco que possa ser quantificado.
É difícil fazer uma previsão.
O impacto pode ser extremamente sério.
Seria um disparate não chamar a atenção das pessoas para esta questão.
É melhor estar preparado do que ser apanhado em lamentações porque quando a pandemia chegar será tarde demais", salientou.
No que se refere a comentar o grau de probabilidade de tal acontecer, o coordenador da ONU deu uma resposta geral, referindo apenas que, segundo estudos, se estima que entre 60 e 70 por cento das futuras doenças emergentes nos humanos tenham origem no reino animal.
Quanto aos perigos da transmissão da doença aos humanos, Nabarro frisou que os casos conhecidos ocorreram entre pessoas com "contactos próximos" com animais infectados e adiantou que "as pessoas podem continuar a consumir aves".
"Aves e ovos bem cozinhados são o desejável por diversas razões, não só para o H5N1, mas também por outras patologias como as salmonelas.
O conselho geral é que não é aconselhável consumir ovos crus", afirmou.
A Dinamarca viu ontem confirmado o primeiro caso de gripe das aves, depois de casos confirmados na Áustria, Alemanha, Grécia, França, Hungria, Itália, Eslovénia, Eslováquia.
Fonte: Confagri