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Metade do mel importado para a UE com suspeitas de ser falso
2023-03-28

Uma proporção significativa do mel importado para a Europa é suspeita de ser fraudulenta, mas muitas vezes não é detetada. A Foodwatch exige melhores métodos de deteção e transparência para os consumidores.

De acordo com o relatório intitulado "From the Hives" publicado pela Comissão Europeia, uma proporção significativa do mel importado para a Europa é suspeita de ser fraudulenta, mas muitas vezes não é detetada. Dos 320 lotes de mel testados pelo laboratório do Joint Research Centre (JRC) para a Comissão, 46% não eram realmente mel. Na sua maioria contêm xaropes de açúcar feitos de arroz, trigo ou beterraba sacarina, o que é proibido de acordo com a diretiva da UE sobre o mel, no entanto estes produtos chegam aos consumidores.

Transparência para o consumidores já!

Os controlos e sanções são da responsabilidade dos Estados-Membros. A Foodwatch exige melhores métodos de deteção e transparência para os consumidores. As autoridades devem dedicar recursos à altura do desafio e dar prioridade à informação aos consumidores sobre a fraude.

Embora estes potes de mel ilegais sejam vendidos em supermercados, não é dada qualquer informação aos cidadãos sobre os produtos em causa. Esta falta de transparência sobre alimentos fraudulentos deve ser corrigida urgentemente. A fraude é crime e deve ser falado abertamente para garantir que os cidadãos saibam o que se está a passar com os seus alimentos.

Novo método de análise do mel mostra resultados chocantes.

Os serviços de controlo nacionais, mas também laboratórios privados, não têm detetado a fraude porque os seus recursos são insuficientes, e não utilizam (ainda) o novo método desenvolvido pelo JRC que permite detetar mais adulterações no mel falso importado. Esta taxa de 46% é consideravelmente mais elevada do que durante o anterior plano de controlo coordenado a nível da UE em 2015-17, quando apenas 14% das amostras analisadas não cumpriam os critérios de referência estabelecidos para avaliar a autenticidade do mel.

O problema continua a ser que esta nova metodologia ainda não é reconhecida e utilizada pelos laboratórios oficiais dos Estados-Membros ou pelos laboratórios privados que efetuam os testes para a indústria. Este é claramente o próximo passo que tem de ser dado.

As barreiras da UE contra a fraude alimentar estão a diminuir.

Embora o relatório da Comissão Europeia não pretenda ser um reflexo profundo do mercado do mel na UE, dá uma boa perspetiva da extensão da adulteração do mel nas importações de mel de países terceiros. As amostras foram recolhidas principalmente nos principais portos onde os produtos fraudulentos chegam antes de seguirem as rotas europeias, tais como Antuérpia, Hamburgo, Barcelona, Le Havre, e a fronteira entre a Polónia e a Ucrânia. Dos 95 importadores visados, dois terços tinham importado pelo menos uma vez um lote de mel suspeito de ter sido adulterado com xaropes de açúcar.

A Europa importa 175.000 toneladas de mel por ano, o que a torna o segundo maior importador mundial de mel, depois dos Estados Unidos, para cobrir 40% do seu consumo. A União Europeia está, portanto, altamente dependente destas importações de países terceiros. Em média, o mel importado para a Europa custa 2,17 euros por quilo, enquanto que os xaropes de açúcar feitos de arroz custam entre 0,40 e 0,60 euros por quilo. A diluição fraudulenta do mel com xaropes de açúcar paga grandes dividendos, e o risco de ser apanhado é pequeno.

Se 46% do mel importado é potencialmente fraudulento, isto significa que mais de 80.000 toneladas de mel falso são vendidas e consumidas na Europa todos os anos. Estamos a falar apenas de importações de países fora da Europa. Isto não inclui a fraude intraeuropeia, claro, o que acrescenta a este número. Tudo isto é completamente desconhecido para os consumidores.

Fonte: Foodwatch

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