O Presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) mostrou-se hoje satisfeito com o fim do embargo de Bruxelas às exportações de carne bovina portuguesa e garantiu que esta é actualmente a “mais segura” da Europa.
João Machado sublinhou que “Portugal cumpriu escrupulosamente um programa [de erradicação da BSE] que outros países não seguiram”, pelo que a carne portuguesa pode considerar-se a mais segura da União Europeia (UE).
Lembrou que os seis anos de embargo terão custado cerca de 140 milhões de euros aos bovinicultores, que se viram obrigados a cancelar os seus contratos para o mercado espanhol, cliente exclusivo das exportações de carne portuguesa.
A decisão de Bruxelas é, assim, “uma boa notícia” para os produtores, mas também o reconhecimento de “anos de esforço” de articulação entre a CAP e o Ministério de Agricultura, frisou.
O papel do ministério da tutela foi “preponderante” no levantamento do embargo, funcionando como “garantia de que as normas impostas por Bruxelas eram rigorosamente cumpridas”, afirmou João Machado.
Lembrou que o Sistema de Identificação Animal, que regista e rastreia todos os movimento dos animais, foi inaugurado na Europa em Portugal, numa estreita colaboração entre as várias associações produtoras (com a CAP como cúpula) e o Ministério da Agricultura, adiantando que este é o exemplo das “parcerias que podem ser aprofundadas” entre Governo e produtores.
O Presidente da CAP mostrou-se optimista quanto ao retomar dos negócios com Espanha, apesar de reconhecer que “é sempre difícil recuperar quota quando se perdem mercados”.
Explicou, no entanto, que em Portugal “não existe grande pressão para exportar”, uma vez que a produção doméstica é “deficitária”.
O Presidente da CAP afirmou “produzimos cerca de 50% daquilo que consumimos”, precisando que os nossos principais exportadores são a Irlanda e a França, cabendo cada vez mais importância ao Brasil e Argentina.
Em Portugal, existem mais de 100 mil bovinicultores (sendo que muitos também são produtores de leite) e mais de 300 mil bovinos de carne.
A exportação portuguesa limitava-se aos vitelos jovens para engorda e às vacas para refugo, animais em fim de vida utilizados no fabrico de rações para cães e gatos.
São estes dois negócios que os bovinicultores portugueses estão agora em boas condições de recuperar, “dada a proximidade” entre os dois países.
A Comissão Europeia aprovou hoje formalmente o levantamento do embargo às exportações de carne e produtos bovinos portugueses, em vigor desde 1998 devido à doença das “vacas loucas”, que poderão ser retomadas a partir de Domingo.
Fonte: Lusa