Portal comunitário alertou para a "presença de hepatite A em morangos provenientes de Marrocos" detetados em Espanha.
O sistema europeu de alerta rápido para alimentos e rações (Rapid Alert System Feed and Food – RASFF, em inglês) divulgou na segunda-feira, 4 de março, uma notificação com a indicação de risco "grave” para a “presença de hepatite A em morangos de Marrocos” com destino a Espanha.
A Associação Valenciana de Agricultores (AVA-ASAJA) divulgou o alerta da RASFF exigindo "medidas urgentes" ao governo espanhol e à União Europeia (UE), uma vez que "representa um perigo para a saúde pública e que pode ter aparecido nos alimentos como resultado da irrigação das explorações com águas fecais".
No mesmo sentido, a Associação Valenciana de Consumidores (AVACU) pede "medidas mais rigorosas para todos os produtos importados de Marrocos e uma fronteira mais ativa que verifique a adequação dos produtos provenientes de países terceiros fora da UE".
A associação que representa os agricultores de Valência enviou uma carta ao ministro espanhol da Agricultura, Luis Planas, para que "peça urgentemente explicações ao Governo marroquino e especifique as medidas que tenciona adotar para evitar que este tipo de situação se repita".
Defende ainda que “todos os morangos provenientes de Marrocos devem ser submetidos a uma inspeção sanitária rigorosa e, no caso de serem detetados mais alertas sanitários noutras frutas e legumes provenientes de países terceiros, os controlos devem ser alargados a estes produtos, porque está em causa a saúde dos consumidores".
Desde março de 2000 que está em vigor um Acordo Euro-Mediterrânico de Associação UE-Marrocos que estabelece uma zona de comércio livre. Um novo protocolo foi assinado 12 anos depois para fazer avançar ainda mais a liberalização destas trocas comerciais.
Hepatite A
O que é?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), "a hepatite A é uma inflamação do fígado causada pelo vírus da hepatite A, que se propaga principalmente quando uma pessoa não infetada (e não vacinada) ingere água ou alimentos contaminados pelas fezes de uma pessoa infetada".
Período de incubação
Na hepatite A, o período de incubação – ou seja, o tempo que decorre entre a exposição ao vírus e o aparecimento dos primeiros sintomas - varia entre 15 e 50 dias.
Sintomas
Cansaço, perda de apetite, perda de olfato. Por vezes, náuseas e vómitos.
Dor no lado direito do abdómen, com a sensação de que o estômago está inchado, diarreia. Ocasionalmente, há também dor de cabeça e urticária. Febre alta (39°C) um ou dois dias.
Há casos em que os sintomas são ligeiros ou inexistentes (assintomáticos).
Diagnóstico torna-se mais evidente quando há alteração da cor da urina, que fica mais escura, e as fezes ficam mais claras.
Quando há melhoria dos sintomas, surge a icterícia (coloração amarelada da pele) entre duas a seis semanas.
A fadiga mantém-se e a intensidade da icterícia é variável - desde um ligeiro amarelecimento dos olhos até uma coloração amarelo-esverdeada intensa da pele e das mucosas.
Hepatite fulminante
A complicação mais temida é a hepatite fulminante. Pode ocorrer em até 1% dos adultos. Nestes casos, a mortalidade pode chegar a 70% e, por vezes, a única solução é o transplante de fígado.
Surtos
Por norma, os doentes recuperam totalmente da hepatite A, ficando com imunidade para toda a vida.
Segundo a OMS, em 2016, 7134 pessoas morreram devido a hepatite A, o que representa 0,5% da mortalidade causada por hepatites virais. Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) identificou um surto de hepatite A em fevereiro de 2017, no contexto de um surto na Europa. Foram confirmados 582 casos, 84,3% na faixa etária dos 18 aos 50 anos.
Fonte: Jornal de Notícias