As autoridades revelam que a atual epidemia da gripe das aves na Europa é uma das maiores de sempre.
A atual epidemia de gripe das aves é uma das maiores de sempre. É o que revela o relatório conjunto divulgado esta segunda-feira pela Autoridade Europeia de Segurança Alimentar e o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC).
O documento indica que entre 1 de outubro de 2021 e 9 de setembro de 2022 foram detetados 2467 focos de gripe das aves de "alta patogenicidade" em 37 países europeus, incluindo em Portugal. Durante este período, foram abatidas 48 milhões de aves nos estabelecimentos afetados. Em Portugal, as autoridades detetaram 27 focos da doença.
Apesar do maior número de sempre de casos do vírus H5N1 registados na Europa, nos últimos anos, foi só identificado um pequeno número de contágios entre animais e humanos. Os infetados tiveram sintomas ligeiros ou estavam mesmo assintomáticos.
"Felizmente, não houve infeções humanas durante os recentes surtos de gripe aviária na Europa", diz a diretora do Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças. Citada no relatório, Andrea Ammon alerta que "no entanto, vários grupos de pessoas, principalmente aqueles que trabalham no setor agropecuário, correm maior risco de exposição a animais infetados".
"É vital que veterinários, especialistas em saúde pública e de laboratório colaborem e mantenham uma abordagem coordenada", acrescenta, sublinhando que a vigilância é fundamental para identificar infeções o mais rápido possível".
O ECDC refere que os proprietários dos estabelecimentos de criação de animais revejam periodicamente a avaliação de risco nos locais de trabalho, de modo a garantir as medidas de manutenção e higiene necessárias para evitar o contágio entre trabalhadores.
"Para o consumidor não há risco." Gripe das aves "é sempre motivo de preocupação", mas em Portugal focos "têm sido isolados de imediato"
À TSF, o bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários não esconde a preocupação, mas garante que Portugal é um país seguro.
"É sempre motivo de preocupação, no entanto, em Portugal têm sido focos um bocadinho restritos em certas zonas e que têm sido isolados de imediato. As autoridades sanitárias veterinárias têm atuado de imediato e tem-se conseguido controlar-se", afirma.
Jorge Cid antecipa que o aumento significativo de casos do vírus H5N1 pode obrigar a adaptar procedimentos.
"Normalmente são adequadas as regras e os procedimentos à realidade. Neste momento, em Portugal, os procedimentos que têm sido efetuados têm dado resultado e os focos são sempre apagados. É evidente que se este problema se começar a generalizar e a descontrolar terão que ser tomadas medidas mais restritivas", sublinha.
O bastonário dos Médicos Veterinários explica que, para os consumidores, não há risco e defende que, por causa das alterações climáticas, este é um fenómeno a que nos vamos ter de habituar no futuro.
"Para o consumidor não há risco. É evidente que isto pode ser um grande problema económico e temos que ter cada vez mais atenção, vamos estar cada vez mais habituados e conviver com estas situações que cada vez mais estão a aparecer. A previsão que há é que 70% das doenças futuras emergentes são de origem animal", adianta, frisando que "com as alterações climáticas, há um contacto cada vez maior entre as civilizações e os animais selvagens".
A diretora-geral de Agricultura e Veterinária, Susana Pombo, lembra que não há qualquer caso registado de transmissão da doença às pessoas.
"O risco existe e, por isso, todos temos de tomar medidas para nos protegermos. Vamos andando, a par e passo, à medida que os focos vão sendo identificados. Existem situações reportadas em que a doença pode afetar outros animais, nomeadamente o homem, mas isto só quando existem contactos muito estreitos entre aves infetadas e pessoas, que é o que acontece nos trabalhadores e pessoas envolvidas nos focos identificados. É por isso mesmo que tem existido este contacto estreito entre autoridades de saúde veterinária e as autoridades de saúde humana", explicou à TSF Susana Pombo.
Fonte: TSF