Consumo de broa de milho não é recomendado por DGS e ASAE em 11 localidades. Especialista indica o que terá originado o problema.
Os casos suspeitos começaram ainda em Julho e, após quase 200 casos de toxinfecção alimentar, o consumo de broa de milho passou a não desaconselhado em diversas localidades.
Nesta quinta-feira, a Direção-Geral da Saúde e a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica indicaram que é melhor não comer broa de milho nas localidades onde decorreram toxinfecção alimentar.
As 11 localidades são: Pombal, Ansião, Leiria, Marinha Grande, Pedrógão Grande, Ourém, Figueira da Foz, Condeixa-a-Nova, Coimbra, Ílhavo e Vagos.
A origem deste surto associado à broa de milho ainda não foi divulgada oficialmente. Está a decorrer uma investigação e esta recomendação é uma medida preventiva e transitória.
Mas Artur Alves, professor do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, já apontou para a origem mais provável: micotoxinas.
“O surto estará relacionado com a produção de algum tipo de toxina por algum microorganismo, provavelmente um fungo”.
“Se pensarmos que a broa é cozinhada a altas temperaturas, não será um microorganismo em si que irá eventualmente causar algum tipo de problema. Por outro lado, as micotoxinas conseguem tolerar elevadas temperaturas e não são eliminadas”, descreveu o especialista no jornal Público.
Bolores podem ter contaminado o cereal, tendo assim originado as micotoxinas. Há fungos que contaminam facilmente cereais como o milho.
Os sintomas indicam o mesmo caminho: confusão mental e diminuição da força muscular serão causadas por toxinas de origem microbiológica, são sinais típicos de intoxicações causadas por micotoxinas.
Artur Alves avisa que as micotoxinas – ainda não especificadas – estão “muito provavelmente” na farinha da broa de milho: “Os fungos contaminam os cereais com alguma facilidade”.
Sintomas e tratamento
Os sintomas de uma toxinfecção alimentar, como este caso, são muito parecidos com os sintomas de uma intoxicação alimentar.
Os sintomas são: cólicas abdominais, diarreia, febre, cefaleias, náuseas e vómitos, entre outros possíveis.
As pessoas afectadas devem começar a sentir sintomas logo meia hora depois de comer – num período que pode chegar às 2 horas depois da refeição.
Paulo Almeida, médico de medicina geral e familiar, avisou no jornal Correio da Manhã que as intoxicações alimentares são mais frequentes no Verão: “As condições de humidade e temperatura facilitam o rápido desenvolvimento de bactérias e a produção de toxinas nos alimentos contaminados”.
Para evitar uma intoxicação alimentar, fica o conselho básico: ter muito cuidado com os alimentos e evitar qualquer alimento que não seja seguro.
Quando uma pessoa já está afectada, normalmente não deve ficar muito preocupada, já que as consequências não são graves na maioria dos casos e os sintomas desaparecem sozinhos. Basta repouso digestivo.
Paulo Almeida recomenda beber muitos líquidos e bebidas desportivas, para evitar a desidratação.
O paracetamol, ou outro analgésico, pode ser preciso para controlar a diarreia (mas só deve ser tomado após indicação do médico).
Fonte: ZAP