A Comissão Europeia renovou a aprovação da utilização de glifosato para os próximos 10 anos. A decisão surge após os estados-membros não alcançaram a maioria qualificada necessária para renovar ou rejeitar a aprovação do glifosato durante uma votação realizada no âmbito do comité de recurso.
Segundo explicado em comunicado, a votação seguiu-se a uma anterior realizada no âmbito do Comité Permanente dos Vegetais, Animais e Alimentos para Consumo Humano e Animal, em 13 de outubro, em que os estados-membros também não alcançaram a maioria necessária para renovar ou rejeitar a proposta.
Agora, tendo em conta as avaliações da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) e da Agência Europeia dos Produtos Químicos (ECHA), vai proceder à renovação, sob reserva de determinadas condições e restrições.
Estas restrições incluem:
- a proibição da utilização pré-colheita como dessecante;
- a fixação de limites máximos para cinco impurezas no glifosato;
- obrigação de os estados-membros prestarem atenção especial a aspetos específicos aquando da realização das avaliações de risco (como a proteção dos pequenos mamíferos herbívoros) e estabeleceram medidas de redução de riscos;
- a fixação de doses máximas de aplicação que não devem ser excedidas, a menos que os resultados das avaliações de risco para utilizações específicas demonstrem que uma taxa mais elevada não conduz a quaisquer efeitos inaceitáveis nos pequenos mamíferos herbívoros;
- a obrigação de o requerente apresentar informações sobre os possíveis impactos indiretos na biodiversidade no prazo de 3 anos a contar da disponibilidade de um documento de orientação adequado. A Comissão Europeia solicitará à EFSA que elabore as orientações necessárias.
Os estados-membros poderão continuar a restringir a sua utilização a nível nacional e regional se o considerarem necessário com base nos resultados das avaliações dos riscos, tendo especialmente em conta a necessidade de proteger a biodiversidade.
A Comissão Europeia explica que a renovação é de 10 anos, e não o habitual de 15, uma vez que a aprovação atual, que expira a 15 de dezembro, tinha sido excecionalmente atribuída por cinco anos, após uma avaliação feita entre 2012 e 2017.
Relativamente aos que afirmam que o glifosato é carcinogénico, a entidade defende-se afirmando que, “com base na avaliação de toda a informação disponível, não existe atualmente evidências para classificar o glifosato” dessa maneira.
A Comissão Europeia nota, que apesar de toda a evidência científica tida em conta, “se surgirem novos elementos de prova que demonstrem que os critérios de aprovação não estão preenchidos, a Comissão tomará medidas imediatas para alterar ou retirar a aprovação, se tal se justificar do ponto de vista científico”.
Fonte: Vida Rural