Os portugueses podem estar a comer trutas de viveiro contaminadas com um antibiótico banido pela União Europeia por ser perigoso para os seres humanos.
A descoberta resulta de um estudo da Lúcia Santos, investigadora que, no âmbito de uma tese em Saúde Pública, decidiu verificar a qualidade das trutas à venda nos hipermercados.
A investigadora detectou Cloranfenicol, o antibiótico proibido, nas análises feitas às trutas compradas nos hipermercados, todas elas com origem em viveiros portugueses.
Lúcia Santos explicou que “as trutas que comprei nos supermercados estavam etiquetadas como sendo de aquacultura portuguesa. Não sei exactamente qual é a exploração de origem dessas trutas, porque essa informação não foi dada, apenas que eram de aquacultura portuguesa”.
O Cloranfenicol pode ter efeitos muito nocivos para a saúde humana, pela toxicidade que apresenta essencialmente a nível da medula, sublinha a investigadora.
A cientista explica ainda que sendo considerado um antibiótico de reserva, o uso do Cloranfenicol em medicina humana está praticamente erradicado, sendo utilizado apenas em situações de extrema gravidade e excepcionalmente.
«Já para os animais destinados ao consumo humano, ele está expressamente proibido na UE porque quando se administra qualquer medicamento a animais, obviamente que vão aparecer resíduos deste medicamento nos tecidos do animal», afirma Lúcia Santos.
Lúcia Santos informou as direcções-gerais de Veterinária e do Controlo Alimentar, após ter chegado a estas conclusões
Os dois organismos já procederam a análises, que também revelaram a existência do antibiótico, desvalorizando contudo a investigação por considerarem que os níveis do medicamento encontrados não eram preocupantes.
Surpreendida com esta atitude, a investigadora afirma que nem resíduos devem ser tolerados.
«Se efectivamente, as truticulturas estão a funcionar bem, sem recurso a substâncias proibidas, então temos aqui algum problema pelo meio, porque as trutas que eu adquiri e para as quais tive um resultado positivo eram, supostamente, de aquacultura portuguesa», finaliza.
Fonte: TSF