O confinamento obrigatório e as medidas implementadas por toda a Europa, resultantes da COVID-19, acabaram por reduzir os níveis de poluição do ar e, consequentemente, salvar vidas relativamente a este risco. O fecho das escolas e dos escritórios, o cancelamento dos eventos públicos e as restrições no movimento das pessoas dentro do próprio país, trouxeram benefícios para o ar.
Um estudo, liderado pela London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM), analisou as medidas implementadas em 47 países europeus durante a primeira vaga de COVID-19, e as mudanças ocorridas nos níveis de quatro poluentes – dióxido de azoto (NO2), ozono (O3), partículas PM2.5 e partículas PM10. No geral, foram evitadas mais de 800 mortes, 486 mortes por NO2, 175 mortes por PM2.5, 134 mortes por PM10 e 37 mortes por O3, em contraste com 2.573, 5.190, 2.441 e 2.186 mortes, respetivamente, esperadas num cenário normal durante o mesmo período de tempo. As cidades de Paris, Barcelona, Milão e Londres estão entre as principais cidades onde estas mortes foram poupadas.
Os resultados demonstraram que os níveis de NO2 tiveram a maior redução, sendo esta superior a 50% em cidades como Lisboa (Portugal), Madrid (Espanha), Paris, Lyon (França), Roma, Milão e Turim (Itália).
Em Portugal, esta diferença foi de cerca de 88 mortes por, a maior parte por NO2 (18.9), seguindo-se a poluição por PM2.5 (11.4) e PM10 (10.6).
“O confinamento durante a primeira onda da pandemia de COVID-19 criou imensos custos sociais e de saúde, no entanto, ofereceu condições únicas para investigar possíveis efeitos resultantes de rigorosas políticas para reduzir os níveis de poluição nas áreas urbanas”, explica Antonio Gasparrini, um dos autores do estudo. “Esta informação pode ser relevante para criar políticas eficientes para enfrentar o problema da poluição nas nossas cidades”.Fonte: Greensavers