O mercado da agricultura biológica está a crescer em Portugal, a avaliar pelos 40 pontos de venda que abriram nos últimos quatro anos, afirmou ontem o presidente da AGROBIO - Associação Portuguesa de Agricultura Biológica.
António Marques da Cruz ressalvou que o número de agricultores que promovem a actividade biológica dos solos "tem aumentado pouco", mantendo-se em cerca de 1.000, mas em contrapartida abriram muitos pontos de venda nos últimos anos.
"Há cinco anos atrás, não existiam mais do que cinco pontos de venda. Hoje temos 45", precisou.
Na cidade de Lisboa já existem 17 estabelecimentos que vendem alimentos produzidos sem recurso a fertilizantes ou outros produtos artificiais e semeados nas épocas próprias.
Nessas lojas pode comprar-se legumes, sal, carne certificada, mel, queijo, leite, iogurtes, manteiga, todos produzidos de forma ambiental, social e economicamente sã e sustentável.
"O problema são os custos, pois os agricultores têm de financiar a certificação desses produtos. Mas não é verdade que o preço dos biológicos é sempre mais caro do que o dos outros produtos. Este ano, o tomate da Agrobio foi mais barato do que o do mercado de Alcântara", explicou António Marques da Cruz.
Em Maio passado, o governo apresentou um Plano Nacional para o Desenvolvimento da Agricultura Biológica que previa, entre outras medidas, uma redução de 12 para 5 por cento na taxa do IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado) dos produtos transformados com mais de 70 por cento de ingredientes de agricultura biológica.
O plano tem como objectivo aumentar até 2007 os actuais 3,2% de área agrícola para 7%, e os agricultores de 1.174 para 4.700.
As estimativas do plano indicam que em 2007 os custos da sua implementação deverão rondar os 20 milhões de euros por ano, o que corresponde a quatro vezes o encargo público anual com a agricultura biológica.
"Era importante que esse plano, para 2004-2007, passasse do papel à prática. Este governo disse que ia apresentar medidas concretas para o implementar, mas até agora não aconteceu nada, e estamos no fim de 2004", disse o presidente da Agrobio.
Embora o mercado dos produtos biológicos tenha aumentado nos últimos anos, para António Marques da Cruz, Portugal é um dos países mais atrasados da Europa nesta matéria.
Fonte: Lusa