A Comissão Europeia tenciona apresentar até final do ano um relatório sobre as consequências da Directiva de 1999 sobre o bem-estar das galinhas poedeiras, que prevê, entre outras medidas, o desaparecimento da produção em baterias até 2012.
O relatório poderá seguir a recomendação da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) sobre o bem-estar das galinhas poedeiras e a segurança (bacteriológica e química) dos ovos, bem como um estudo de impacto que prevê que o aumento dos custos de produção poderá atingir níveis superiores a 20%.
De acordo com estudos disponíveis, as importações poderão aumentar entre 3 a 4% e os produtores poderão sofrer prejuízos estimados entre 315 milhões de € para a União dos Quinze e 334 milhões para os 25. Os peritos realçam ainda que a organização do sector varia fortemente na União mas as baterias representam ainda 85% das produções, apesar do incremento dos sistemas alternativos em muitos países (sobretudo no Norte da Europa, em que, por exemplo, na Suécia já atinge os 50%).
Esta tendência, aliás, é a inversa da situação existente nos países terceiros, em que as galinhas dispõem de áreas inferiores a 550 cm quadrados. Acresce ainda que na União Europeia existe uma forte integração vertical em países como a Alemanha, Reino Unido, Holanda e França e uma produção bastante fragmentada como Portugal, Irlanda, Áustria e Grécia.
A União a 25 é actualmente auto-suficiente em ovos e exportadora liquida, uma situação que, de acordo com os peritos, não deverá alterar-se no médio prazo. O consumo de ovos por habitante encontra-se em alta constante desde meados dos anos 90, sendo actualmente de 14.2 kg/ano. Em Portugal, a capitação situa-se nos 9 Kg/hab./ano, ou seja, ainda temos alguma margem de progressão para se atingir os níveis europeus. Esperemos que o relatório da Comissão possa conduzir a uma revisão das orientações actuais e que visem um maior equilíbrio entre o interesse dos consumidores (segurança dos produtos alimentares) e dos produtores europeus e da Fileira Pecuária onde nos integramos, à luz das negociações da OMC onde a globalização é um facto e a protecção dos mercados tende a diminuir.
É que não está em causa apenas a produção de ovos mas os sectores que dele dependem, entre os quais os alimentos compostos, porque os consumidores parece que estarão mais preocupados com o preço dos ovos e menos com o bem-estar das galinhas poedeiras produzidas nos países terceiros, esses sim, a nossa grande ameaça, neste como noutros sectores...
Fonte: IACA – Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais