Uma equipa de cientistas britânicos estabeleceu uma correlação entre a poluição do ar e os microrganismos que afectam as culturas agrícolas.
Baseando-se em dados que abarcam os últimos 160 anos, o estudo mostra que as emissões industriais afectam directamente quais os micróbios que atacam o trigo. Os cientistas concentraram-se nas diferentes presenças de dois fungos ao longo dos tempos, desde 1843.
Todos os anos, os agricultores europeus gastam cerca de 400 milhões de euros em fungicidas para o controlo dos prejuízos causados pelos fungos Mycosphaerella graminicola e Phaeosphaeria nodurum. No último século, este último fungo tem sido mais prevalente, enquanto o M. graminicola quase desapareceu.
Os cientistas basearam-se num arquivo britânico de amostras de trigo, iniciado em 1843, e que forneceu a chave para o problema colocado. Foram extraídas e sequenciadas amostras de ADN, ao mesmo tempo que se mediram os elementos patogénicos presentes ao longo dos últimos 160 anos.
A equipa concentrou-se especificamente nos níveis de dióxido sulfúrico, um poluente do ar emitido pelas instalações industriais como as centrais de energia a carvão. Em 1844, a quantidade daquela substância emitida no Reino Unido chegava a apenas um milhão de toneladas por ano e o M. graminicola prevalecia face ao P. nodorum. À medida que as emissões da substância aumentaram ao longo dos anos, a situação inverteu-se.
Em 1970, o M. graminicola tinha praticamente desaparecido, enquanto o P. nodorum tinha crescido para cem vezes o número registado em 1844. À medida que a queima do carvão foi sendo substituída por outras fontes de energia, particularmente nas duas últimas décadas, o rácio destes elementos patogénicos reequilibrou-se e encontra-se agora nos mesmos níveis que se registavam em épocas pré-Revolução Industrial.
Fonte: Nature e Confagri