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Produtos das pastelarias são perigosos
2005-07-05

Em Portugal é perigoso ingerir um produto de uma pastelaria, como por exemplo, comer algo que contenha ovo. Quem o afirma é Miguel Galaghar, coordenador do Centro Regional de Saúde Pública do Norte, um dos convidados de ontem da II Conferência Nacional de Segurança Alimentar, que decorreu na Casa das Artes, em Famalicão.

Galaghar queixa-se da falta de meios para intervir no âmbito da segurança alimentar, que considera ser "a parente pobre da área da saúde pública". E adverte que há demasiados erros "muito preocupantes" cometidos nos estabelecimentos comerciais: não lavar as mãos numa cozinha, falta de higiene nos espaços comerciais e a má conservação dos alimentos. Por esta razão, o coordenador do Centro Regional de Saúde Pública do Norte admite que "pode ser mais seguro comer um hamburguer numa multinacional de fast-food, do que uma chouriça cujo conteúdo e elaboração respeita a denominada tradição". "A ideia de que é nas tascas, ou em locais onde os ratos são vistos, que se come melhor está errada", garante Miguel Galaghar. Um outro convidado, Mário Frota, da Associação Portuguesa de Direito do Consumo, realçou ainda que, além disso, a legislação existente no nosso país, no que diz respeito à segurança alimentar, "é igual à de países como a Letónia, e não são tidas em conta as especificidades e características dos nosso produtos. A segurança alimentar está, portanto, em crise". Este responsável, disse que o objectivo da conferência de ontem passou por "colocar um tijolo mais neste edifício degradado da cidadania em Portugal". Tal como Miguel Galaghar, Frota afirma que "a segurança alimentar está um pouco por toda a parte em crise porque os restaurantes e outras unidades, mesmo sem licenciamento, estão a funcionar". Além disso, "não há as autorizações que deveriam filtrar a incompetência por parte de quem gere, e que pode estar na origem de muitos males causados à saúde pública". Mário Frota mostra-se muito preocupado com o actual cenário porque "os consumidores devem ter a garantia que do prado ao prato, os produtos de todas as fileiras do agro-alimentar são produtos saudáveis; e são produtos que uma vez postos em circulação não causam qualquer dano à saúde". Mas isso não é uma garantia, e muitas vezes não acontece. "Andamos há 15 anos a falar disto e estamos longe de se registarem melhorias. Pelo contrário, há recuos consideráveis", sublinha. Para o Presidente da Associação Portuguesa de Direito do Consumo, é necessário um conjunto de medidas, urgentes, para colmatar "aquilo que pode ser uma fatalidade". "É necessário uma agência de segurança alimentar a funcionar em pleno, ter uma rede de laboratórios em condições, de modo a que se pudesse pensar em haver um controlo dos géneros alimentícios que por aí circulam e, por outro lado, ter um corpo inspectivo. Haver formação é totalmente essencial e indispensável", afirma. Para transformar, pela positiva, este cenário, Mário Frota defende acções de formação para empresários agrícolas e para empresários de restauração e similares, porque é necessário ter em mente que a primeira responsabilidade, em todos estes circuitos, recai no agente económico. Mas não pode ser uma responsabilidade do estilo "tu fizeste mal, vou inspeccionar e vais pagar". "As pessoas não têm consciência, não há mecanismo de controlo e de fiscalização e estamos a brincar com a saúde pública", adverte Mário Frota. No que concerne à legislação em vigor, Frota diz que "as leis são muitas e más". Argumenta que "hoje a comunidade está só a reger-se, em todo o espaço económico europeu, que é muito mais amplo do que o da União Europeia, por regulamentos iguais. Os regulamentos que vigoram aqui, vigoram na Lituânia, na Letónia e aquilo que devia ser adaptado ao nosso contexto, com cabeça, tronco e membros, não é". Porto com mais intoxicações alimentares no Norte O coordenador do Centro Regional de Saúde Pública do Norte, Miguel Galaghar, apresentou, na conferência de Famalicão, dados relativos a 2003, que mostram que, na zona Norte do país, o maior surto de infecções (intoxicações) alimentares colectivas registou-se no Porto (58%), Braga (24%) e Viana do Castelo (12%).

Os surtos demoram três dias a ser descobertos e comunicados ao serviço de saúde mais próximo, sendo que a faixa etária mais afectada vai dos cinco aos 14 anos.

A variante da Salmonella, com 78%, é o vírus mais contraído no âmbito das infecções alimentares.



Fonte: O Comércio do Porto

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