A Agência Europeia de Segurança Alimentar (AESA) vai apresentar na próxima semana as conclusões de uma avaliação dos riscos da doença BSE nos caprinos feita a pedido da Comissão Europeia, anunciaram hoje os responsáveis daquele organismo.
O risco de BSE - vulgarmente conhecida por "doença das vacas loucas" - nas cabras foi um dos desafios para a segurança alimentar nos próximos anos identificados pela EFSA, cuja sede oficial foi hoje inaugurada em Parma com a presença do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e do primeiro- ministro italiano, Silvio Berlusconi.
Herman Koeter, director-científico da AESA, explicou que o estudo foi pedido em Janeiro e deveria ter um carácter quantitativo, fazendo uma avaliação de risco detalhada nos caprinos.
"Pedimos a todos os países dados sobre o efectivo caprino e o consumo de carne, leite ou queijo. Concluímos que não era possível fazer uma avaliação quantitativa por falta de alguns dados e optámos por uma avaliação qualitativa, até porque não existem muitas informações sobre a ocorrência de doenças", afirmou o responsável.
A dificuldade desta avaliação foi intensificada, segundo Koeter, pelo facto de nas cabras não ser possível identificar materiais de risco, ao contrário do que acontece com as vacas.
A AESA foi criada em 2002, numa altura em que a Europa enfrentava ameaças como as dioxinas e a BSE, tendo a sua instalação e transferência para Parma sido concretizadas em tempo recorde, afirmou Christine Majewski, directora de relações institucionais e internacionais.
Um dos objectivos, já em curso, é criar uma rede informática para interligar a EFSA com as agências de segurança nacionais que permita realizar até vídeo-conferências.
A AESA opera em quatro grandes áreas: fornecendo pareceres técnicos a questões colocadas pela Comissão, Parlamento Europeu e Estados-Membros; avaliação de riscos de substâncias regulamentadas como pesticidas, químicos e organismos geneticamente modificados (OGM); monitorização de factores de risco como a BSE e doenças provocadas por parasitas nos animais (zoonoses); e investimento no progresso científico.
Funciona com um orçamento anual de 38 milhões de euros, que poderá atingir no próximo ano 46 milhões de euros, disse o director executivo da Agência, Geoffrey Podger, garantindo que o alargamento para 25 países não foi um problema.
O mesmo responsável assegurou que é possível conciliar a segurança dos alimentos com as regras impostas pela Organização Mundial do Comércio e mesmo com a produção de alimentos típicos regionais.
Geoffrey Podger, sublinhou que "a segurança não significa standardização. Estamos conscientes das riquezas gastronómicas de Itália, mas os produtos típicos precisam tanto de ser seguros como os outros. Não existe contradição entre segurança e tipicidade".
A escolha de Parma para acolher a sede da EFSA assume um carácter simbólico, já que a região é conhecida pela sua gastronomia e situa-se num país que atribui grande importância à alimentação, realçaram os responsáveis da instituição.
A transferência de Bruxelas para Parma deverá ficar concluída até finais do ano.
Fonte: Lusa e RTP