O director da Estação Zootécnica Nacional (EZN) afirmou ontem, em Santarém, que os consumidores portugueses podem estar descansados em matéria de segurança alimentar, pois os produtores de alimentos para animais cumprem, no geral, as regras do sector.
Ramalho Ribeiro, coordenador de um projecto que, nos últimos três anos, avaliou a implementação do Código das Boas Práticas para o fabrico de pré-misturas e de alimentos para animais, garantiu que o consumidor está hoje, "de uma maneira geral, mais seguro".
O responsável falava na apresentação das conclusões do projecto.
O projecto, que decorreu no âmbito do Programa Agro em parceria com a Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais (IACA), envolveu 31 empresas num total de cerca de 70 associadas, que representam 80% da produção nacional, de acordo com os dados da IACA.
Ramalho Ribeiro disse que o projecto incidiu na análise de três pilares - a existência de procedimentos escritos, de um plano de controlo e dos registos de controlo - que conferem maior transparência ao processo de fabrico e que "são uma garantia de segurança".
Segundo disse, a realização do projecto permitiu que as empresas estabelecessem os procedimentos envolvidos nas questões da qualidade, da segurança alimentar e no cumprimento das exigências legislativas.
O projecto permitiu ainda que as empresas comparassem os sistemas de análise dos produtos a que habitualmente recorrem com os da EZN, tendo sido detectados "alguns desvios, mas, na maioria, abaixo dos limites impostos pela legislação", disse.
O trabalho desenvolvido permitiu identificar alguns factores que as empresas precisam melhorar, como "a formação profissional, a validação e controlo das etiquetas, a elaboração de procedimentos escritos e o registo da execução de algumas das acções instituídas", lê-se nas conclusões hoje apresentadas.
O projecto teve por base o Código das Boas Práticas elaborado pela IACA e homologado pela Direcção-Geral de Veterinária em Outubro de 2000 e que visou ajudar as empresas a "superar as dificuldades de implementação dos sistemas de garantia da qualidade", respeitando a lei e visando "a identificação dos riscos ligados ao fabrico e propondo os meios de controlo desses mesmos riscos", lê-se no documento ontem apresentado.
O objectivo desta colaboração entre a EZN e a IACA é "melhorar os mecanismos de auto-controlo, garantir um domínio mais eficaz dos riscos inerentes à actividade e conferir maior credibilidade à qualidade dos produtos fabricados, apostando na reconquista dos consumidores nos produtos de origem animal", acrescenta.
Para Jaime Piçarra, da IACA, o projecto assume ainda especial importância porque, a partir de Janeiro de 2006, entra em vigor o Regulamento relativo à higiene dos alimentos para animais, aprovado pelo Parlamento Europeu no passado mês de Janeiro, e que vai obrigar ao registo e aprovação de todas as empresas que operam na fileira da alimentação animal.
O projecto desenvolvido pela EZN e pela IACA envolveu 29 empresas que produzem compostos para alimentação animal e duas produtoras de pré-misturas (aditivos, como vitaminas ou minerais, que os fabricantes do composto final adicionam à matéria prima).
Fonte: Lusa