Um estudo divulgado segunda-feira pela Universidade Fernando Pessoa (UFP), no Porto, revela que os portugueses ingerem, em média, 12 gramas de sal por dia, o dobro do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Os autores do estudo, coordenado pelo ex-presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão Arterial, Jorge Polónia, afirmam que os resultados «permitem especular acerca da possível contribuição do excessivo consumo de sal para a elevada incidência de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) em Portugal», refere a UFP, em comunicado.
O estudo envolveu quatro grupos de pessoas (hipertensos, familiares de doentes com AVC, operários fabris e estudantes universitários) escolhidas aleatoriamente e em todas elas se verificaram níveis de ingestão diária de sal muito superiores aos recomendados pela OMS, variando entre os 11,1 e os 12,9 gramas.
Os autores do estudo recorreram à medição directa na urina recolhida durante 24 horas em mais de 400 pessoas (na sua maioria doentes hipertensos), «metodologia actualmente considerada como a mais rigorosa na avaliação do consumo diário de sal».
Caso venham a ser confirmados em populações mais alargadas, os resultados do estudo indicam «hábitos generalizados de ingestão excessiva de alimentos ricos em sal», o que, na opinião dos investigadores, exigem «medidas urgentes de saúde pública».
A promoção da mudança de hábitos alimentares e a restrição de adição de sal aos alimentos, nomeadamente ao pão, são medidas propostas pelos autores do estudo.
Os investigadores realçam que «Portugal apresenta uma das mais altas taxas europeias de mortalidade por acidentes cerebrovasculares, excedendo largamente o previsível em função da prevalência estimada de hipertensão arterial», referindo ainda que o consumo excessivo de sal tem sido uma das hipóteses para explicar este panorama.
Além de elevar a pressão arterial, o consumo excessivo de sal provoca também um aumento das lesões cardíacas e vasculares (aterosclerose) e até do risco de cancro gástrico.
Fonte: Diário Digital