De acordo com o estudo, dos 20 pacotes de batatas fritas estudados, 7 revelaram conter "um elevado teor em acrilamida”.De acordo com os dados revelados neste estudo, foram analisadas algumas marcas de produtos provenientes de algumas empresas produtoras de batata frita em pacote, tendo sido encontrados valores entre os 510 e os 960 mg/Kg. Estes valores foram classificados pela DECO como “mediocre”. Este estudo revela ainda que outras marcas tiveram classificação de “bom”, embora não seja revelado na notícia da Lusa, o respectivo intervalo de concentração.
O mesmo estudo avaliou a concentração desta substância em batata frita servidas em 20 restaurantes, tendo-se verificado que apenas 2 apresentaram um valor medíocre, enquanto 6 tiveram classificação de "muito bom" e 9 de "bom".
De acordo com os dados revelados importa salientar que o teor de acrilamida nas batatas fritas depende do tipo óleo usado, temperatura do processo, teor de gordura final bem como do teor em água final do produto. Contudo, neste momento não é possível ter acesso a essa informação.
A Comissão Europeia revelou recentemente um resumo de análises à acrilamida em vários produtos, realizados em vários países europeus (Dinamarca, Áustria, Bélgica, Finlândia, França) pelas respectivas Agências de controlo alimentar. De acordo com esse relatório, verifica-se a presença de acrilamida em variados produtos alimentares, desde o café, passando pelos cereais de pequeno almoço até às batatas fritas. Os dados referidos nesse relatório apresentam intervalos de concentrações muito dispares para o mesmo produto. Na Finlândia, em 2002, foram avaliadas batatas fritas com baixo teor em gordura e normais, tendo-se observado valores compreendidos entre 370-1300 mg/kg, sendo que as batatas com baixo teor em gordura apresentaram os valores mais elevados. Em 2003, outro estudo revelou que as batatas fritas continham valores compreendidos entre os 200-700 mg/kg. Em França em 2002 registaram-se valores compreendidos (<50-2600 mg/kg), enquanto que na Áustria são referidos valores superiores a 2500 mg/kg (ver http://www.qualfood.com/topicos/st.php?topico=2&st=95).
A notícia é contudo omissa no método de análise usado bem como no laboratório que efectuou as referidas análises.
Será importante referir, que a acrilamida não é adicionada aos alimentos mas sim produzida quando alimentos, contendo elevadas concentrações de amido, são submetidos a processos térmicos a altas temperaturas, acima dos 180 ºC.
Actualmente não existe limite máximo legal para acrilamida, com a excepção para a água (0,1 micrograma/litro), uma vez que são usados alguns aditivos que contêm acrilamida no processo de depuração de água potável e no tratamento de águas residuais.
A acrilamida é utilizada no fabrico de plásticos e no processamento de papel, dando origem em alguns casos à produção de materiais que podem ser usados como embalagens de alimentos. Nesse sentido, e considerando que os alimentos estarão em contacto com essas superfícies, a Comissão Europeia, no sentido de limitar o valor permitido de acrilamida em alimentos como resultado da migração dessas superfícies para os alimentos, aprovou a Directiva 2002/72/CE, definindo em 10 microg/Kg (10 ppb) de alimento. Esta Directiva foi posteriormente transposta para ordem jurídica interna, em 10 de Janeiro de 2003 pelo Decreto-Lei n.º 4/2003. Contudo, é importante referir que este limite foi estabelecido antes de serem conhecidos os recentes estudos sobre os valores de acrilamida em determinados alimentos.
Deco recomenda moderação do consumo e rotulagem correcta Apesar de serem ainda necessários mais estudos sobre os eventuais efeitos a longo prazo, a acrilamida “foi classificada, em 1994, pelo Centro Internacional de Pesquisa sobre o Cancro, como potencialmente cancerígena”, afirma a Deco, recomendando a moderação do consumo de batatas fritas, já que a substância vai-se acumulando no organismo.Para reduzir a formação de acrilamida, a associação dos consumidores recomenda que os produtores e consumidores seleccionem batatas com níveis baixos de açúcares redutores, devendo ainda ser disponibilizada uma "rotulagem correcta, indicando a utilização – para fritas, cozer, assar – e a forma e temperatura de conservação".Os consumidores devem fritar as batatas, no máximo, a 170ºC e, de preferência, em azeite ou óleo de girassol, e manter as batata ao abrigo da luz e a temperaturas superiores a oito graus.A Deco sublinha ainda que, face às novas recomendações europeias, é necessário rever a lei sobre a temperatura máxima de fritura, que actualmente se situa nos 180ºC, para reduzir este valor para os 170ºC.O controlo desta situação passa ainda pela actuação da Direcção-Geral de Fiscalização e Controlo da Qualidade Alimentar, sustenta a Deco/ “Pro Teste”
Fontes: Lusa e Qualfood