Na sequência da contaminação da variedade de milho transgénico Bt-11 por uma variedade não autorizada, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) impôs uma multa de 375 mil dólares à multinacional suíça de biotecnologia Syngenta.
Em Março, a empresa anunciou que havia detectado a contaminação em Dezembro e explicou que esta havia ocorrido em plantações dos Estados Unidos, ao longo de quatro anos, entre 2001 e 2004. A Syngenta admitiu que o milho contaminado terá sido vendido a agricultores norte-americanos e europeus.
O incidente tem preocupado as autoridades da União Europeia e de outros clientes da empresa, como o Japão ou a Coreia do Sul, conduzindo a inspecções dos carregamentos de milho transgénico vindos dos Estados Unidos. É que os consumidores destes mercados têm-se demonstrado reticentes face à adopção de organismos geneticamente modificados no geral, devido a eventuais impactos na saúde humana ou no ambiente, a longo prazo.
Para além da multa, o USDA, requereu da Syngenta o desenvolvimento de um programa experimental para a prevenção da contaminação de outras culturas. A empresa declarou que «embora a quantidade de milho Bt-10 que foi erradamente fornecida representa uma quantia extremamente pequena, aceitamos completamente e cumpriremos a decisão do USDA e os seus requerimentos».
A empresa suíça não está, contudo, livre de todas as sanções. É que o erro cometido recai também no âmbito da Agência de Protecção Ambiental dos Estados Unidos, que ainda se encontra em investigações. A eventual multa deste organismo poderá ser consideravelmente superior à decretada pelo USDA.
Tanto a Agência de Protecção Ambiental como o USDA levaram a cabo testes científicos que determinaram que não existe qualquer perigo para a saúde humana ou para o ambiente, pelo que o milho Bt-10 não será retirado do mercado norte-americano, até porque, de acordo com informações da Syngenta, as duas variedades de milho (Bt-10 e Bt-11) são virtualmente idênticas.
A Comissão Europeia não tem, contudo, a mesma opinião e, na sexta-feira passada, anunciou que poderá impor um embargo às exportações norte-americanas de rações para a alimentação animal devido a este incidente. Cerca de mil toneladas do milho transgénico Bt-10 terão entrado no mercado comunitário e a Comissão pretende que a própria Syngenta participe no processo de rastreabilidade do produto que acidentalmente introduziu.
EUA: Sanções da UE Face a Contaminação de Bt-11 Não São Justificadas
Mike Johanns, secretário da Agricultura norte-americano, declarou que eventuais sanções da União Europeia às exportações de milho geneticamente modificado dos Estados Unidos não seriam justificadas.
A Comissão Europeia afirmou, na passada sexta-feira, estar a equacionar a possibilidade de impor um embargo àquelas exportações na sequência da contaminação das mesmas por uma variedade de milho transgénico não autorizada – o milho Bt-10. O responsável norte-americano avançou que «simplesmente, não existe ameaça para a saúde humana ou vegetal ou animal».
O Executivo comunitário declarou que está em causa, também, a possibilidade do milho Bt-10 ser resistente a determinado grupo de importantes antibióticos. Esta questão será primordial na ordem de trabalhos da próxima reunião de especialistas veterinários europeus, a decorrer ainda hoje.
Fonte: Reuters e Confagri