Um estudo científico hoje publicado na revista Nature indica que o atum vermelho, um dos peixes com maior valor comercial, está em sério risco de extinção devido às práticas de pesca agressivas no Atlântico.
Um grupo de peritos da Califórnia (EUA) chegou a essa conclusão depois de ter seguido durante oito anos mais de 700 atuns na sua viagem de milhares de quilómetros pelo Oceano Atlântico.
Os cientistas da Universidade de Stanford e do Aquário de Monterrey implantaram identificadores electrónicos em 772 atuns e seguiram a sua deslocação no oceano entre 1996 e 2004.
"Nos meus anos de vida, conseguimos que essas espécies majestosas estejam à beira da extinção ecológica no Oceano Atlântico ocidental", escreveu a professora Barbara Block, da Universidade de Stanford, que dirigiu o estudo.
O atum vermelho ou de barbatana azul (thunnus thynnus) é o maior dos atuns e também um dos peixes de espinha maiores do mundo, podendo medir três metros de comprimento e pesar 700 quilos. Trata-se também de um dos peixes com maior valor comercial. No Japão, um dos países que mais o consome, um bom exemplar pode custar 75.000 euros.
É por isso que as práticas de pesca agressivas põem em risco a sua existência, tal como os viveiros de engorda para onde são levados os exemplares capturados no mar, segundo denunciam várias organizações ecologistas.
De acordo com o artigo da Nature, os identificadores electrónicos permitem seguir a pauta de emigração dos atuns e conhecer a que profundidade submergem (até 300 metros), a temperatura do corpo e as águas em que vivem.
Os peritos californianos concluíram também que há duas espécies diferentes de atum, a maior das quais vive no Oeste do Atlântico (principalmente no Golfo do México) e a outra na parte Leste deste oceano.
Os cientistas garantem que as duas espécies se misturam frequentemente, ao contrário do que julga a Comissão para a Conservação do atum do Atlântico (CICAA), que estabeleceu quotas diferentes para cada uma delas no seu habitat natural.
O estudo da Nature refere que alguns exemplares se confundem por vezes e que muitos atuns da zona ocidental (mais em risco devido à sua maior procura comercial) são pescados dentro da quota da área leste, pondo em risco a sua sobrevivência.
"Cremos que chegou o momento da CICAA reconhecer que se produz uma mistura espacial e temporária das duas populações de atuns, tanto no oeste como no leste do Atlântico", considera Barbara Block.
Fonte: Agroportal