De acordo com um projecto que ontem recebeu um prémio no Instituto Superior Técnico (IST), em Lisboa, as análises à carne nos matadouros, prescindindo de exames laboratoriais, poderá ser possível dentro de dois anos.
O projecto está a ser desenvolvido por três investigadores do IST, entidade que, em pareceria com Faculdade de Ciências de Lisboa, criou os prémios VECTORe, resultantes de um curso destinado a incentivar a criação de empresas na área da tecnologia.
Destinado a estudantes, licenciados e investigadores de engenharia, o VECTORe (Valorização Económica de Ciência e Tecnologia: Organização e Planeamento de Negócios para Novas Empresas) é um curso de um ano e a ele concorrem candidatos que tenham uma ideia concreta para um negócio de base tecnológica.
Este ano, o projecto de análise de carne partilhou o primeiro prémio com outro, denominado Lumisense, destinado a analisar e controlar a produção de vinho.
Hugo Ferreira, 27 anos, doutorado em Física pelo IST, é um dos criadores do MagBiosense, o aparelho que poderá detectar microorganismos patogénicos na carne, mas também em produtos derivados, como enchidos ou salsichas.
O MagBiosense é um aparelho do tamanho de um computador portátil que poderá analisar a carne, no próprio matadouro, em cerca de uma hora, deixando de ser necessário o envio de amostras para laboratório, que demora dois dias a facultar os resultados.
O "bio-sistema" destina-se a matadouros, laboratórios de análise e indústrias transformadoras e não existe até agora, como realçou Hugo Ferreira, explicando que a equipa de que faz parte também tem feito testes para detectar micro-organismos na água.
"Ainda há questões a resolver, mas detectar esses microrganismos é possível com este sistema", garantiu, acrescentando que "caso haja dinheiro e pessoas para trabalhar, dentro de dois anos o produto pode estar no mercado".
Dinheiro é também o que a equipa de José Miguel Freitas, 32 anos, precisa para desenvolver o Lumisense, um conjunto de biosensores ópticos para analisar o vinho.
José Freitas explicou que em relação aos métodos tradicionais de análise, o Lumisense é 50% mais barato, além de que não é necessário pessoal especializado porque o método é simples, portátil e automático.
"Se houver financiamento passamos para a construção de um protótipo", disse. Embora garantindo que o aparelho vai funcionar e que a tecnologia poderá ser adaptada não apenas ao vinho mas a toda a indústria agro-alimentar, José Miguel Freitas admite mesmo assim que este é um negócio de risco, razão que leva os investigadores a procurarem agora investidores.
Cada um dos dois projectos recebeu ontem um prémio de 2.500 euros, uma soma que é apenas simbólica, esperando agora os vencedores que a projecção da vitória lhes permita mais facilmente chegar a investidores.
Fonte: Lusa