Um estudo sobre a certificação da carne dos Açores aponta para a criação no continente de um centro de negócios e plataforma logística que assegure a gestão da comercialização do produto do arquipélago.
Este seria um "investimento de pequeno risco", assegurou o professor universitário, Fernando Sousa, que integrou o grupo de trabalho que hoje se reuniu com o secretário regional da Agricultura para analisar o relatório.
O responsável explicou que, individualmente, os produtores de carne dos Açores não conseguem suportar os "custos elevados da distribuição, que terão um reflexo em menor valor na origem".
No documento elaborado pelo grupo de trabalho, estão consagradas diversas soluções sobre a organização da fileira da carne açoriana que, até ao final do ano, receberá o selo de Identidade Geográfica Protegida.
No final da reunião, Fernando Sousa adiantou, ainda, que o relatório sugere alterações no caderno de especificações para melhorar a competitividade, a criação de uma entidade gestora no seio da Federação Agrícola e o desenvolvimento de um sistema integrado de controlo e certificação do produto.
"É fundamental continuar o excelente trabalho desenvolvido pelos serviços oficiais no controlo das explorações agrícolas e dos matadouros, que possuem um elevado nível de qualidade europeia", realçou o especialista.
Para Fernando Sousa, estas condições, em conjunto com a produção açoriana muito próxima da biológica, devido às excelentes pastagens e maneio do gado, são factores que podem gerar uma elevada confiança e fidelização dos consumidores.
Preconizou, também, "a comercialização de uma gama diversificada de produtos" como forma de salvaguardar "a competitividade a diferentes níveis", o que vai garantir uma maior estabilidade comercial.
Fernando Sousa chamou a atenção para o sector do turismo, "onde a restauração deve apostar nas suas ementas colocando o símbolo de IGP nos pratos de carne", alegando que "os turistas investem muito em produtos protegidos".
Noé Rodrigues, secretário regional da Agricultura e Florestas, assegurou que "até ao final do ano a carne dos Açores estará no mercado com o selo da certificação".
O secretário regional do sector adiantou que as 147 explorações que possuem as especificações técnicas necessárias à produção de carne IGP estão prontas, o sector da embalagem também, faltando, apenas, fazer acertos comercialização, área em que decorrem negociações.
Noé Rodrigues salientou que vai ser seguido o aconselhamento na criação de uma entidade que trate, no seio da Federação Agrícola, de forma quase exclusiva o sector da carne.
A exportação da carne, acrescentou, será feita em conjugação de esforços entre os produtores, entidade gestora do sector e o Governo, de forma a diminuir os custos de manutenção da garantia da qualidade da carne na produção, na desmancha e na embalagem.
Fonte: Lusa