30 de Outubro de 2024
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OMS quer rótulos nas embalagens de alimentos sobre o seu impacto na saúde
2024-10-22

Os alimentos e bebidas embalados devem ter informação nutricional de fácil leitura na parte da frente dos produtos para ajudar os consumidores a fazerem escolhas mais saudáveis, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

O aumento do consumo de alimentos processados com elevado teor de sal, açúcar e gordura é um dos principais fatores da crise global da obesidade, com mais de 1.000 milhões de pessoas a viverem com esta doença e um número estimado de 8 milhões de mortes prematuras todos os anos devido a problemas de saúde associados, como a diabetes e as doenças cardíacas, segundo dados da OMS.

No entanto, os governos têm tido dificuldades em introduzir políticas para conter a epidemia. Atualmente, apenas 43 estados membros da OMS têm qualquer tipo de rotulagem na frente da embalagem, seja obrigatória ou voluntária, apesar das evidências que mostram que os rótulos podem afetar o comportamento de compra. Estes visam “apoiar os consumidores na tomada de decisões mais saudáveis relacionadas aos alimentos”, disse Katrin Engelhardt, cientista do departamento de Nutrição e Segurança Alimentar da OMS.

Rótulos “interpretativos”

As diretrizes da OMS recomendam que os governos implementem rótulos “interpretativos” que incluam informação nutricional e alguma explicação do que isso significa quanto ao carácter saudável de um produto.

Um exemplo seria o NutriScore, desenvolvido em França e utilizado em vários países europeus, que classifica os alimentos de A (verde, contendo nutrientes essenciais) a E (vermelho, contendo níveis elevados de sais, açúcares, gorduras ou calorias adicionadas).

O Chile e vários outros países da América Latina utilizam um sistema mais rigoroso, com avisos de que um alimento é “rico em açúcar”, sal ou gordura na parte da frente da embalagem, num octógono preto que se assemelha a um sinal de stop.

A especialista em rotulagem alimentar Lindsey Smith Taillie, codiretora do Global Food Research Program da Universidade de Chapel Hill, na Carolina do Norte, afirmou que a indústria alimentar tem resistido aos avisos e prefere rótulos “não-interpretativos”, que incluem a informação sobre os nutrientes, mas não um guia sobre como compreender o que significam, como os utilizados nos Estados Unidos. Embora a recomendação da OMS vá um pouco mais longe do que a preferência da indústria, esta “é bastante fraca”, disse Taillie.

“O mais importante para a maioria dos países a nível mundial será limitar o consumo excessivo de açúcares adicionados, sódio, gorduras saturadas e alimentos ultra-processados em geral – que é o que os rótulos de advertência fazem melhor”.

Uma investigação realizada por Taillie mostrou que os rótulos de advertência do Chile, juntamente com outras políticas como as restrições de comercialização para crianças, significaram que os chilenos compraram menos 37% de açúcar, menos 22% de sódio, menos 16% de gorduras saturadas e menos 23% de calorias totais, em comparação com o que comprariam se a lei não tivesse sido implementada.

International Food and Beverage Alliance

A OMS afirmou não existirem provas suficientes para determinar o melhor sistema de rotulagem.

A International Food and Beverage Alliance (IFBA), cujos membros incluem a The Coca Cola Company e a Mondelez International Inc, afirmou que os seus membros já dispõem de normas mínimas a nível mundial. Estas incluem uma lista de nutrientes na parte de trás das embalagens e, sempre que possível, um pormenor na frente da embalagem sobre, pelo menos, o teor energético, em conformidade com o sistema internacional Codex Alimentarius.

“Isto é algo que as empresas globais podem fazer, mas claramente não é suficiente porque se pegarmos na Nigéria ou no Paquistão … o mercado é dominado por produtores locais”, disse Rocco Renaldi, secretário-geral da IFBA. Segundo Renaldi, os membros da aliança apoiam amplamente as diretrizes da OMS e os rótulos baseados em nutrientes.

“Mas o diabo está nos detalhes – de um modo geral, não apoiamos abordagens que demonizam produtos específicos”, disse Renaldi. “Não achamos que os rótulos de advertência à saúde devam ser colocados em produtos alimentares considerados seguros, aprovados, comercializados e apreciados pelos consumidores”.

Fonte: Grande Consumo

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